Apostar em ideias
Bastante observador, António Lopes
da Silva, 28 anos, deve trazer sempre consigo um papel e uma caneta. Isto
porque nunca se sabe quando pode surgir mais uma ideia brilhante para
outro negócio. Ideias não lhe faltam e, colocadas em prática,
são quase um sucesso garantido. Pedimos desculpa, mas estas ideias
ainda são um segredo por revelar e só podemos falar da empresa
onde se estreou como empreendedor, a NaturInvest Consulting.
Entrou para a Universidade
de Évora para tirar um curso de Engenheiro Biofísico e,
de repente, vê-se como empreendedor. Como é que ocorreu esta
mudança?
Isto não foi logo imediato. Quando saí de Évora,
fui para o Centro Nacional de Informação Geográfica
e estava a desenvolver outras coisas em conjunto com o Grupo de Estudos
do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA). Fiz também
um estágio na Direcção Regional do Ambiente do Alentejo.
Ainda passei pela Área Metropolitana de Lisboa para acompanhar
uns estudos e depois estive na Direcção Geral do Ambiente.
Pode-se dizer que, desde que saiu da universidade,
teve um percurso profissional sempre muito ligado ao seu curso?
Sim. Posso dizer que 80% dos trabalhos que tive foram relacionados com
o meu curso de Engenheiro Biofísico e os outros 20% ligados a outras
áreas.
Por exemplo, faltava-me referir a minha passagem pela Comertron que é
uma empresa de consultoria e investimento e foi onde eu ganhei a grande
maioria do meu conhecimento nesta área.
E como surge a NaturInvest?
Depois de todas estas experiências profissionais surge a ideia de
uma empresa com um colega meu da área de Gestão. Lembro-me
que, depois de uma reunião geral no Porto dessa empresa da Comertron,
na viagem do Porto para Lisboa, por volta das seis da manhã, eu
e esse meu colega começamos a falar em apostar numa empresa. Uma
vez que ele tinha conhecimentos em algumas áreas e eu tinha noutras,
podíamos "unir esforços".
Começou a pensar-se a sério na empresa. Durante dois meses
e meio esteve-se apenas a analisar e a investigar. Depois houve uma série
de contactos com outras pessoas e, ao fim de quase dois anos, a NaturInvest
foi lançada a 6 de Fevereiro deste ano.
O que é a NaturInvest?
A NaturInvest é uma empresa de consultoria empresarial que disponibiliza
vários serviços que se encontram divididos em diferentes
departamentos, como Engenharia e Técnicas Afins, Formação
Profissional, Consultoria ao Investimento, Consultoria para os Negócios,
Contabilidade e Fiscalidade e Traduções em diversos domínios.
Quais foram as maiores dificuldades que sentiu?
Para mim a maior dificuldade foi em termos monetários. Montar uma
empresa é caro e neste aspecto critico o Estado. Por exemplo, uma
escritura pode ficar em 120 mil escudos e fica-se completamente transtornado
quando nos pedem 1500 escudos pela fotocópia dos estatutos só
porque tem o selo branco. Fala-se tanto que os jovens têm todos
os benefícios, mas afinal não ajudam em nada ao cobrarem
1500 escudos por uma fotocópia.
Claro que há entidades bancárias que ajudam, mas são
apenas fiadores e se um jovem não tiver um bom fiador não
lhe emprestam dinheiro. A NaturInvest fez-se sem qualquer crédito
e apenas com o dinheiro próprio dos três sócios. Se
calhar, ao longo de quatro anos, todo o dinheiro que juntei foi para investir
numa empresa.
E não tiveram algum tipo de apoio?
Vamos tendo apoios. Há, por exemplo, candidaturas a fundos comunitários.
Mas uma candidatura custa entre trezentos a seiscentos mil escudos, no
mínimo, para qualquer empresa. Assim, para ter apoios um jovem
tem de ter à mesma capital.
Há poucos apoios. Só mobilar uma empresa requer muito dinheiro.
Nós para minimizar custos aproveitámos material próprio
como os nossos computadores pessoais, houve alguém que deu um fax,
etc. Claro que tivemos de investir em equipamento, mas minimizamos muitos
custos com material nosso.
O nascimento da NaturInvest Consulting foi, sem
dúvida, um desafio. Valeu a pena o risco?
Claro, a 100%. É muito giro uma pessoa conseguir aplicar as suas
ideias num negócio, numa empresa, e ver essas ideias terem sucesso.
É gratificante. Todos os jovens que têm ideias devem colocá-las
em prática. Não devem pensar em grandes desafios porque
quanto maior é o projecto, maior pode ser a queda.
Pensar em coisinhas pequenas, começar a testá-las e caminhar
aos poucos. Não é só ter ideias. É preciso
testá-las da melhor forma que se puder. No nosso caso não
foi possível "encomendar" um estudo de mercado, mas nós
próprios fizemos uns inquéritos e depois analisámos.
É preciso saber o que se quer fazer e saber se é viável
ou não.
Perspectivas futuras...
Há muitas ideias, mas a principal é fazer a NaturInvest
crescer e transformá-la, não numa grande empresa, mas num
grupo. Ou seja, a NaturInvest vai crescendo mesmo a nível de serviços.
Nós achamos que se há áreas que se complementam,
tentamos dar ao cliente tudo o que ele precisa. Se o cliente precisa de
uma coisa nós damos-lhe, mas se precisar de três, nós
também temos potencial para lhas dar. O objectivo é tornar
os vários departamentos que já temos e outros em "micro-empresas"
que pertençam ao mesmo grupo: a NaturInvest Consulting. Actualmente,
a NaturInvest é uma empresa, mas queremos que, no futuro, seja
um grupo.
Depois há muitas ideias que sempre vão surgindo e algumas
já estão a avançar para serem colocadas em prática.
TP