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Histórias de sucesso



01.01.2000



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Apostar em ideias

Bastante observador, António Lopes da Silva, 28 anos, deve trazer sempre consigo um papel e uma caneta. Isto porque nunca se sabe quando pode surgir mais uma ideia brilhante para outro negócio. Ideias não lhe faltam e, colocadas em prática, são quase um sucesso garantido. Pedimos desculpa, mas estas ideias ainda são um segredo por revelar e só podemos falar da empresa onde se estreou como empreendedor, a NaturInvest Consulting.



Entrou para a Universidade de Évora para tirar um curso de Engenheiro Biofísico e, de repente, vê-se como empreendedor. Como é que ocorreu esta mudança?
Isto não foi logo imediato. Quando saí de Évora, fui para o Centro Nacional de Informação Geográfica e estava a desenvolver outras coisas em conjunto com o Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA). Fiz também um estágio na Direcção Regional do Ambiente do Alentejo. Ainda passei pela Área Metropolitana de Lisboa para acompanhar uns estudos e depois estive na Direcção Geral do Ambiente.

Pode-se dizer que, desde que saiu da universidade, teve um percurso profissional sempre muito ligado ao seu curso?
Sim. Posso dizer que 80% dos trabalhos que tive foram relacionados com o meu curso de Engenheiro Biofísico e os outros 20% ligados a outras áreas.
Por exemplo, faltava-me referir a minha passagem pela Comertron que é uma empresa de consultoria e investimento e foi onde eu ganhei a grande maioria do meu conhecimento nesta área.

E como surge a NaturInvest?
Depois de todas estas experiências profissionais surge a ideia de uma empresa com um colega meu da área de Gestão. Lembro-me que, depois de uma reunião geral no Porto dessa empresa da Comertron, na viagem do Porto para Lisboa, por volta das seis da manhã, eu e esse meu colega começamos a falar em apostar numa empresa. Uma vez que ele tinha conhecimentos em algumas áreas e eu tinha noutras, podíamos "unir esforços".
Começou a pensar-se a sério na empresa. Durante dois meses e meio esteve-se apenas a analisar e a investigar. Depois houve uma série de contactos com outras pessoas e, ao fim de quase dois anos, a NaturInvest foi lançada a 6 de Fevereiro deste ano.

O que é a NaturInvest?
A NaturInvest é uma empresa de consultoria empresarial que disponibiliza vários serviços que se encontram divididos em diferentes departamentos, como Engenharia e Técnicas Afins, Formação Profissional, Consultoria ao Investimento, Consultoria para os Negócios, Contabilidade e Fiscalidade e Traduções em diversos domínios.

Quais foram as maiores dificuldades que sentiu?
Para mim a maior dificuldade foi em termos monetários. Montar uma empresa é caro e neste aspecto critico o Estado. Por exemplo, uma escritura pode ficar em 120 mil escudos e fica-se completamente transtornado quando nos pedem 1500 escudos pela fotocópia dos estatutos só porque tem o selo branco. Fala-se tanto que os jovens têm todos os benefícios, mas afinal não ajudam em nada ao cobrarem 1500 escudos por uma fotocópia.
Claro que há entidades bancárias que ajudam, mas são apenas fiadores e se um jovem não tiver um bom fiador não lhe emprestam dinheiro. A NaturInvest fez-se sem qualquer crédito e apenas com o dinheiro próprio dos três sócios. Se calhar, ao longo de quatro anos, todo o dinheiro que juntei foi para investir numa empresa.

E não tiveram algum tipo de apoio?
Vamos tendo apoios. Há, por exemplo, candidaturas a fundos comunitários. Mas uma candidatura custa entre trezentos a seiscentos mil escudos, no mínimo, para qualquer empresa. Assim, para ter apoios um jovem tem de ter à mesma capital.
Há poucos apoios. Só mobilar uma empresa requer muito dinheiro. Nós para minimizar custos aproveitámos material próprio como os nossos computadores pessoais, houve alguém que deu um fax, etc. Claro que tivemos de investir em equipamento, mas minimizamos muitos custos com material nosso.

O nascimento da NaturInvest Consulting foi, sem dúvida, um desafio. Valeu a pena o risco?
Claro, a 100%. É muito giro uma pessoa conseguir aplicar as suas ideias num negócio, numa empresa, e ver essas ideias terem sucesso. É gratificante. Todos os jovens que têm ideias devem colocá-las em prática. Não devem pensar em grandes desafios porque quanto maior é o projecto, maior pode ser a queda.
Pensar em coisinhas pequenas, começar a testá-las e caminhar aos poucos. Não é só ter ideias. É preciso testá-las da melhor forma que se puder. No nosso caso não foi possível "encomendar" um estudo de mercado, mas nós próprios fizemos uns inquéritos e depois analisámos. É preciso saber o que se quer fazer e saber se é viável ou não.

Perspectivas futuras...
Há muitas ideias, mas a principal é fazer a NaturInvest crescer e transformá-la, não numa grande empresa, mas num grupo. Ou seja, a NaturInvest vai crescendo mesmo a nível de serviços. Nós achamos que se há áreas que se complementam, tentamos dar ao cliente tudo o que ele precisa. Se o cliente precisa de uma coisa nós damos-lhe, mas se precisar de três, nós também temos potencial para lhas dar. O objectivo é tornar os vários departamentos que já temos e outros em "micro-empresas" que pertençam ao mesmo grupo: a NaturInvest Consulting. Actualmente, a NaturInvest é uma empresa, mas queremos que, no futuro, seja um grupo.
Depois há muitas ideias que sempre vão surgindo e algumas já estão a avançar para serem colocadas em prática.

TP






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