Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR
A grande maioria das empresas portugueses fizeram, em devido tempo, um rápido processo de adaptação a métodos de trabalho mais modernos e a novas formas de cultura de gestão quer da Europa quer dos países anglo- -saxónicos. Daí que, no que respeita aos processos de recrutamento e selecção, a propalada importância da ‘cunhocracia' seja um processo que não tendo sido completamente erradicado constitui uma prática em acentuado declínio.
As políticas de recrutamento e a admissão de novos colaboradores são hoje para uma vasta maioria das organizações decisões estratégicas da maior importância, que requerem a intervenção de especialistas e todo um processo complexo de compatibilização de competências indispensáveis para a obtenção de objectivos empresariais cada vez mais exigentes e que dados os riscos envolvidos e os custos de natureza técnica, financeira e legal que oneram os maus recrutamentos não se compadecem com influências pessoais ou nepotismo.
A prova mais evidente desta mudança de atitudes reside na proliferação de profissionais e organizações de recrutamento e selecção registada nos últimos anos como resultado não apenas da crescente necessidade de intervenções especializadas no mercado de trabalho mas também do facto de a profissão albergar — por falta de regulamentação — um conjunto de profissionais pouco qualificados que entraram no sector em situação de alternativa ao desemprego com base em experiências de gestão nem sempre devidamente focalizadas para o exercício de actividades de recrutamento e selecção.
Se bem que se tenham verificado progressos generalizados na aceitação da importância da meritocracia como o factor determinante num processo de selecção de novos colaboradores, a ‘cunhocracia' detém ainda alguns feudos privilegiados nos quais a fidelização política e os interesses partidários continuam a fazer tábua rasa da importância das competências pessoais e profissionais, como alguns exemplos recentes demonstram à saciedade.