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Expresso Emprego - Barómetro Rh - Rémy de Cazalet



01.01.2000



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Rémy de Cazalet
Michael Page Internacional



O favorecimento profissional sempre existiu e continuará a ser uma prática presente nos tecidos empresariais, a nível global. As oportunidades que emergem, não por mérito ou progressão profissional, surgem principalmente devido a ligações políticas ou laços familiares. Muitas empresas nacionais, apesar de terem dimensões consideráveis, continuam a ter na base uma forte estrutura familiar. Neste contexto, até inevitavelmente, surgem preferências por elementos com relações de parentesco, face a outros profissionais dentro da empresa.


A este leque de grandes empresas de origem familiar dever-se-á, também, acrescentar os grandes grupos em que o Estado detém participações e influência ao nível dos modelos de gestão. O Estado, sujeito que é a domínios políticos e partidários, denota permeabilidade à nomeação de membros das estruturas de poder para ocupar funções de gestão no seu sector empresarial. No entanto, apesar da instituição deste tipo de práticas, estas são cada vez menos visíveis.

A reprovação da opinião pública, bem como dos candidatos ao lugar em questão, faz-se de uma forma cada vez mais notória. Por outro lado, o crescimento das empresas referidas implica a remodelação dos corpos accionistas e a entrada de investidores interessados na maximização dos resultados e na optimização da estrutura. Sem qualquer tipo de ligação política ou familiar, estes novos ‘donos' escolhem os quadros mais capacitados para o desempenho das funções e não aqueles que se encontram associados a grupos com peso decisor.

A entrega da escolha de quadros a empresas de recrutamento e selecção tem sido igualmente útil para o aumento da independência na selecção das equipas de gestão, graças à autonomia dessas empresas face a qualquer tipo de pressões existentes a nível interno. A cultura empresarial é, hoje em dia, diferente do que era no passado. O reconhecimento de portugueses no exterior e da necessidade de escolher os melhores para liderar, são sinais visíveis dessa mesma mudança.

Nos dias que correm, premeia-se o crescimento dos profissionais, em detrimento dos laços familiares ou de amizade que possam existir. É, indiscutível, o triunfo da ‘meritocracia' face à ‘cunhocracia'. O favorecimento sempre existirá, mas cada vez mais a recompensa surge através da colocação num lugar consultivo, e não executivo, ficando a condução efectiva das empresas entregue a quem ascendeu graças à sua capacidade.






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