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Bom humor favorece a produtividade
O bancário Rui Gomes é famoso entre seus colegas pelas
anedotas originais e o sorriso constante com que circula pelos corredores
do escritório onde trabalha. Admirado pela boa disposição,
para muitos aquele bancário "deve ser um sujeito de sorte",
agraciado pela fortuna da vida. Mesmo com o pai idoso a sofrer de Parkinson,
e um longo e dispendioso processo de divórcio, situações
suficientes para desequilibrar qualquer funcionário, Rui continua
o trabalho com a mesma paciência e boa disposição.
"Descobri que chorar não paga as dívidas. De nada
me adiantava mergulhar no meus problemas, pois não os resolveria."
Na falta da ajuda de um psicólogo, agarrou-se ao trabalho para
respirar fora dos maus momentos, e viu seu prazer em trabalhar contagiar
os colegas do banco. E o resultado é que, apesar dos problemas
familiares, Rui manteve os mesmo resultados positivos na sua capacidade
de produção e resposta no trabalho.
A ligação entre a boa disposição psicológica
e o bem-estar físico é algo provado pela ciência,
mas há apenas pouco tempo as empresas passaram a ver o riso e a
alegria como elementos de incentivo à criação e à
produtividade. Se antes, no ambiente de trabalho, os empregados eram meros
recursos produtivos, agora as teorias organizacionais perceberam que para
atingir o lucro é essencial ter em conta o ser humano complexo
por trás de sua faceta de produtor. Por isso, é cada vez
maior o número de organizações que, em vez de reprimir
as anedotas e brincadeiras, estimulam seus empregados a mostrar seu lado
mais descontraído.
A explicação científica para a acção
do bom humor é simples. Quando a pessoa está bem-humorada
e a divertir-se, seu organismo produz endorfina, hormona relacionada ao
prazer e à resistência à dor. Assim, quando encaramos
o dia- a- dia com leveza, nosso organismo colabora connosco, produzindo
uma substância que reforça a capacidade de relaxamento e
diminui a produção de hormónios ligados ao stresse,
como a adrenalina.
A endorfina melhora a circulação sanguínea, equilibra
a necessidade de sono, e previne as doenças ligadas ao stresse.
Os efeitos positivos reflectem-se em menos absentismo, e não só
: o bom humor, ao tornar agradável o ambiente de trabalho, acaba
por funcionar como um agente estimulante da produtividade, mesmo em épocas
de crise. O estado de espírito mais alegre leva o profissional
a trabalhar com mais satisfação, e a vencer com maior calma
os incidentes e imprevistos vividos no trabalho.
Mas o recurso ao bom humor não funciona apenas de forma a aliviar
os problemas ou a melhorar um convívio já deficiente. Mais
do que apenas solucionar problemas internos, o humor agora é visto
como um instrumento capaz de abrir caminhos e novas possibilidades, de
maneira criativa e consistente. O prazer e sentimento de realização
possibilita aos profissionais uma abertura à ideias novas e soluções
originais.
O impacto na saúde também reflecte-se nas relações
interpessoais dentro do escritório: a boa disposição
aproxima os colegas entre si, o que favorece a interacção
entre a equipa de trabalho. Já um chefe bem humorado parece menos
ameaçador e torna-se por isso mais acessível, o que só
traz benefícios à produção e à comunicação
interna na empresa.
Os sintomas da empresa mal-humorada
•Funcionários cumprimentam-se apenas com um "bom dia"
automático
•Sentimento de competição interna elevado
•Intensa troca de comunicação interna para explicar
situações que já foram superadas
•Índices altos de absentismo e baixas médicas
•Ausência significativa de funcionários em eventos colectivos
voluntários (festa de fim de ano, aniversário da empresa)
•Isolamento físico (ausência de manifestações
físicas de contacto como olho no olho, abraços, piscadelas
de cumplicidade)
Benefícios do bom humor
•Diminuição dos efeitos negativos do stresse na saúde
dos funcionários
•Melhoria na produtividade e na qualidade do trabalho de equipa
•Maior flexibilidade em situações de mudanças
•Processamento acelerado do pensamento criativo e da solução
de problemas
•Maior empenho dos funcionários nos projectos
•Aprendizagem efectiva dos conteúdos de treinamento
•Convívio mais positivo entre superiores e subordinados
•Satisfação e à vontade no ambiente de trabalho
Cristina Parga