Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR
Mais de 180.000 alunos do ensino superior (46%) frequentaram, em 2007/2008, segundo o Ministério da Educação, cursos nas áreas da Educação, Artes e Humanidades, Ciências Sociais, Comércio e Direito. Acusar estes estudantes de ignorância em relação aos elevados riscos de desemprego associados a estes cursos ou pensar que acreditam que o ‘canudo' lhes resolverá os problemas de emprego, constitui uma solução fácil que esquece, convenientemente, a inexistência no ensino secundário e na fase mais importante do processo de maturação vocacional, de especialistas qualificados para os ajudar a construir um projecto de vida de natureza escolar e profissional.
Este processo de intervenção psicológica, inserido nos programas escolares, deveria — como acontece na generalidade dos países da Europa — proporcionar ao jovem adolescente o conhecimento das suas aptidões, competências, interesses e potenciais de desenvolvimento e proporcionar-lhe, simultaneamente, informação viva, dinâmica e actualizada das profissões, de modo a que possa — ao longo da vida — fazer a leitura das tendências do emprego e do mercado de trabalho e conhecer as regras da gestão de carreira necessárias para se realizar como ser humano e como profissional.
Os custos sociais e económicos da legião de jovens que continuarão a inscrever-se nos cursos ‘errados' são muito superiores aos investimentos necessários para dotar as escolas secundárias de especialistas de orientação e informação vocacional que através de métodos activos de aprendizagem: visitas a universidades e empresas, entrevistas e conversas com profissionais e acesso a informação detalhada, habilitem os alunos a tomadas de decisão vocacional informada. Por alguma razão a OCDE, num relatório de 2004, alertava que “o carácter sustentável da economia dos países depende, em boa parte, da capacidade que estes têm de criar condições favoráveis de transição dos jovens para o mundo do trabalho através da intervenção vocacional” .