É claro também que quando foi introduzido o pagamento na
Internet, as regras do consumo alteraram-se.
Não vejo fantasmas na globalização, até porque
no campo da informação é necessário assumir
uma postura de divulgação para cada vez mais mercados e
comunidades. É por isso que a Lusa iniciou este ano um serviço
noticioso para a media brasileira, para os países africanos de
expressão portuguesa, para Timor e Macau e está a pretender
vender informação para os órgãos fronteiriços
de comunicação social de Espanha. E tem também um
bloco de notícias em Inglês.
É adepto dessas novas tecnologias?
Sem Internet não havia notícias on-line, nem havia os serviços
que a Lusa tem hoje.
Considera que o mercado de trabalho da comunicação
é um mercado competitivo?
Eu não conheço os outros mercados, acho que tinha que ser
feita uma comparação em concreto. Comparar o mercado de
trabalho de comunicação com os outros mercados de trabalho
de um modo geral
não sei. De qualquer modo aqui na Lusa ,
os jornalistas são todos licenciados, pelo menos os mais novos.
Penso que este será um mercado com um grau de cada vez maior exigência.
Como vê o jornalismo nos dias que correm?
N ão posso dizer que estamos no ápice da qualidade, da correcção,
da ética ou da deontologia, infelizmente. Mais que uma vez, que
ouvi discursos com uma certa tabloidização, com falta de
qualidade, não só na televisão como em jornais, para
justificar as audiências e a colocação de razões
económicas para justificar a massificação, tabloidização
da informação de conteúdos. Acho isso tudo banal,
espero é que haja um efeito benéfico e que não comecem
a copiar-se uns aos outros na baixa qualidade, mas que antes procurem
diferenciar-se uns dos outros pela criatividade e pela qualidade.
Qual o maior desafio profissional que encontrou
ao longo da sua carreira?
Fui o 9º presidente da RTP numa época bastante difícil,
um ano após o 25 de Abril. Naturalmente que era uma casa completamente
acidentada, desestruturada. Mas também já tive outros casos
difíceis na área editorial e da publicidade onde conseguimos
restruturar as empresas. O que é preciso para as empresas é
criar um efeito de simpatia para o rigor, trabalho e eficiência,
e isso é uma circunstância que se cria com a comunicação.
Qual foi o passo decisivo para o seu sucesso?
O sucesso é muito circunstancial, é uma ideia efémera,
não se repete. Acho que é uma ideia para um gestor, falando
honestamente, que pode resultar da capacidade de motivar os outros, mudar
a realidade e criar mecanismos para dar resposta ao presente com vista
ao futuro das funções estratégicas que são
essenciais para a empresa e para as organizações. Acho que
a gestão não tem meios, tem mecanismos.
Que conselhos daria aos que se querem aventurar
na gestão de empresas de media?
Que reflictam na actividade e sobre a gestão. E não se considerem
satisfeitos numa gestão com os objectivos de gestão, mas
sim numa gestão de oportunidades. A gestão hoje tem de ser
feita por objectivos e por oportunidades não apenas com uma gestão
por objectivos como Peter Drucker enunciou em 1954.
Quando era criança, o que queria ser
quando fosse grande?
Desde muito novo que eu gosto de ver o mar e de me aproximar do mar. Por
isso gostava de ser pescador ou então marinheiro.
Algum grande sonho por realizar? Qual?
Ter um barco.
JD