Cátia Mateus e Fernanda Pedro
OS VALORES da iniciativa empresarial parecem estar mais
próximos das universidades portuguesas. Várias instituições
de ensino superior estão neste momento a encetar esforços
no sentido de apoiar o empreendedorismo e a criação de auto-emprego
entre os seus estudantes. As iniciativas são diversas, mas a palavra
de ordem é invariavelmente: empreender.
A Universidade Lusófona (UL), através do seu Gabinete de
Apoio à Criação de Emprego e Relações
Exteriores (Gacere), está decidida a auxiliar os seus estudantes
a percorrer o caminho entre a universidade e a vida empresarial. Através
do Projecto Empreendedor, a instituição convida os ex-alunos
ou estudantes finalistas, com vocação empreendedora e ideias
de negócio inovadoras, a optar pelo auto-emprego.
"Desde o nascimento da ideia o potencial empreendedor vê-se
confrontado com um conjunto de factores, que deveriam motivar, mas que
ao contrário agem como elementos de dissuasão da criação
de novas empresas", explica Teresa Damásio, directora
do GACERE.
Entraves de várias ordens - nomeadamente na identificação
das fontes de financiamento e gestão dos aspectos legais inerentes
à criação de empresas - que segundo a responsável
levaram a universidade a estruturar este projecto.
A iniciativa tem como objectivo fornecer aos alunos e ex-alunos incentivos
- apoio estrutural, técnico-consultivo e financeiro - que lhes
permita avançar na criação de um negócio.
Assim, o projecto "presta auxílio ao nível da construção
do plano de negócios; fornece instalações equipadas
às empresas; ajuda os empreendedores a identificarem oportunidades
de financiamento e auxilia nas formalidades legais".
Embora a iniciativa vá apenas na primeira fase, Teresa Damásio
assegura que a adesão dos alunos e ex-alunos da UL tem sido significativa.
Para a responsável, "é fundamental que a universidade
não se separe dos estudantes no momento em que estes concluem a
sua licenciatura e que os acompanhe na inserção na vida
activa, seja por conta de outrem ou pela criação do auto-emprego".
Na mesma linha de actuação, a Escola Superior de Ciências
Empresariais (ESCE) do Instituto Politécnico de Setúbal,
da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
e do Centro de Empresas e Inovação de Setúbal, organizam
um programa com a mesma designação.
Saber como criar o próprio emprego e o fomento de ideias inovadoras
ganham terreno no mundo académico
Esta iniciativa tem como base um concurso de ideias onde irá premiar
as 15 melhores ideias e os melhores planos de negócios. De acordo
com Pedro Dominguinhos, docente do ESCE, este projecto pretende "desenvolver
o empreendedorismo junto dos jovens".
O concurso insere-se no Programa de Acções Inovadoras da
Região de Lisboa e Vale do Tejo (LisAction) e tem como objectivo
fundamental a promoção de iniciativas empresariais, através
de ideias inovadoras de cariz tecnológico. Neste sentido, os projectos
devem possuir conteúdo de inovação em pelo menos
um dos seguintes aspectos: introdução de nova tecnologia;
aperfeiçoamento de tecnologia existente ou utilização
de tecnologia existente.
Pedro Dominguinhos salienta ainda a realização de um "workshop"
temático durante o projecto, para que os empreendedores tenham
alguns contactos com as empresas da região. Todos os planos de
negócio serão apresentados neste "workshop" público,
para o qual serão convidados as empresas tutoras, entidades públicas,
professores e todos os interessados.
No final só três ideias sairão vencedoras e os três
melhores planos de negócio irão receber prémios monetários.
A melhor ideia inovadora de negócio receberá 5000 euros,
a segunda 2000 euros e a terceira 1000 euros.
Aquele responsável acredita que as instituições de
ensino têm um papel preponderante no estímulo e na concretização
dessas ideias, e "poderão servir como incubadoras de empresas".