João Barreiros
DEPOIS de ter alcançado o ano passado a mais baixa
taxa de ocupação de vagas entre todas as universidades portuguesas,
a Universidade do Algarve decidiu antecipar-se ao Governo e propôs
um corte no número de lugares disponíveis de aproximadamente
10%, decidindo igualmente reestruturar alguns cursos.
Segundo Adriano Pimpão, reitor desta universidade, "o estudo
das taxas de ocupação permitiu concluir que existia um número
exagerado de vagas face à procura, em alguns casos, e uma necessidade
de proceder a alterações nos cursos, noutros casos".
Um exemplo das mudanças que serão implementadas no próximo
ano lectivo é o do curso de química, que possui uma procura
baixa: foi decidido prescindir da área científica, aumentando
os esforços na área da química aplicada, "que
garante uma maior empregabilidade aos nossos diplomados", refere
o reitor.
A reestruturação dos planos de licenciatura ditará,
na prática, o encerramento de alguns cursos, nomeadamente os de
menor procura, um processo visto na Universidade do Algarve como normal:
"Temos de estar atentos ao que se passa à nossa volta, não
podemos fingir que não vemos o que está a acontecer. O número
de candidatos deve baixar este ano cerca de treze por cento, de acordo
com o Ministério, e por isso é razoável baixar o
número de vagas", defende Adriano Pimpão.
O também presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas
alerta, no entanto, para o perigo de cortar excessivamente nas ofertas
feitas pelas escolas: "Não podemos diminuir muito a capacidade
instalada, até porque dentro de três ou quatro anos deveremos
ter de novo um aumento do número de candidatos", refere.
"A acontecer esse corte, poderá repetir-se o que aconteceu
com os cursos de medicina, com os resultados que agora são visíveis",
adverte Pimpão.
Futuro com mais estudo?
Os estudos demográficos existentes e a decisão governamental
de combater o abandono escolar e de aumentar para doze anos a escolaridade
obrigatória deverão aumentar o número de jovens com
vontade de prosseguir os seus estudos, na opinião do reitor da
Universidade do Algarve.
Recorde-se que na semana passada os reitores e o Governo chegaram a um
acordo no sentido de adiar para 2004/2005 a introdução de
cortes nas vagas dos cursos do ensino superior, que Pedro Lynce propusera
para o próximo ano lectivo.