Cátia Mateus
Em apenas três anos chegou a Portugal, ganhou cota
de mercado e prepara já a expansão para os países
de língua oficial portuguesa, a começar pelo Brasil. As
VIAGENS GHEISA prometem trazer nova dinâmica ao turismo nacional
BI Empresarial
LUÍS LIMA é o protótipo perfeito
de um empresário por vocação. Aos 26 anos lançou-se
no mundo empresarial com a MRW, um "franchising" de transporte
urgente, mas outras empresas se seguiram em áreas tão distintas
como a informática, o material de escritório ou até
uma lavandaria.
Aos 29 anos, abandonou definitivamente o seu emprego de consultor numa
multinacional alemã para se dedicar por completo a um novo desafio:
trazer para Portugal um "conceito" inovador de agências
de viagem.
Hoje, com 32 anos, gere em conjunto com Rui Franco (um dos quatro sócios
do projecto) - o "master franchising" das Viagens Gheisa, em
Portugal e nos países de língua oficial portuguesa (PALOP).
Um projecto ambicioso que em três anos conseguiu ganhar o mercado
nacional e prepara já a expansão para o Brasil.
Como fazer vencer um negócio de viagens numa altura em que o turismo
atravessa um mau momento, pela conjuntura generalizada de crise? A resposta
é simples: "gerir com rigor, escolher bem os parceiros e dedicar-se
a 100 por cento".
Premissas que Luís Lima e Rui Franco seguem à risca no dia-a-dia
das Viagens Gheisa. Há três anos, Luís Lima investiu
cerca de 40 mil contos neste projecto.
O empreendedor garante que sempre quis apostar no ramo do turismo, mas
explica que "foram necessários dois anos para implantar
em Portugal este conceito". O primeiro contacto que teve com
as Viagens Gheisa foi na feira de "franchising" de Valência,
mas "nessa altura o 'master' das viagens ainda não se considerava
preparado para expandir o conceito para Portugal".
Soube detectar a oportunidade de negócio e esperou pelo momento
certo. Em 2000, as Viagens Gheisa "pisaram" pela primeira vez
território nacional. Três anos mais tarde, são já
22 as lojas abertas ao público de norte a sul do país, esperando-se
que até ao final do ano a agência totalize 30 a 35.
Ao todo, Luís Lima e o sócio Rui Franco terão conseguido
criar com este projecto qualquer coisa como 55 novos postos de trabalho.
"Somos uma PME, mas a dimensão que temos já obriga
a uma gestão muito rigorosa", explica Rui Franco. É
que na opinião do empreendedor "o turismo é um sector
com futuro e onde vale a pena apostar, mas é um negócio
com margens de lucro muito curtas, obrigando a uma gestão muito
rigorosa e apertada".
Os benefíciosdo "franchising"
E se, por ser um "franchising", o negócio beneficiou
na fase de arranque do apoio técnico e "know-how" da
"casa-mãe", a realidade é que nem por isso a implementação
do conceito em Portugal ficou livre de entraves.
"A verdade é que quando trouxemos o conceito para cá
tínhamos os conhecimentos técnicos mas não a noção
de como funcionava o mercado, e a realidade com que nos deparámos
foi muito diferente da que nos tinha sido 'vendida'. O sector do turismo
português é muito fechado. Saber quem é quem no sector
e mostrar o nosso valor e as potencialidades do projecto é um caminho
difícil de percorrer", explica Luís Lima.
Ainda assim, os empreendedores parecem ter conseguido ultrapassar com
sucesso os entraves iniciais. Garantem que este é um negócio
cujas verdadeiras potencialidades só se conhecem depois de estar
em pleno funcionamento.
Mesmo quando a crise teima em falar mais alto, Luís Lima e Rui
Franco garantem que se trata de "um sector onde vale a pena investir,
mesmo quando a economia não atravessa uma fase de particular expansão".
Até porque "ninguém deve entrar num negócio
a pensar no lucro imediato".
Para Luís Lima, "a Viagens Gheisa" atravessa agora um
momento determinante. O empreendedor assegura que o mercado português
ainda tem muito para explorar, "quer na criação
de novas filiais da Gheisa quer pela via da integração de
pequenas agências já existentes no mercado, como forma de
aumentarmos o nosso poder negocial, a nossa qualidade, mas também
melhorar o sector do turismo nacional".
Uma estratégia que na opinião de Rui Franco só irá
beneficiar as ambições de expansão da marca para
o mercado estrangeiro. Ainda este ano as Viagens Gheisa deverão
abrir a sua primeira filial no Brasil, numa lógica de internacionalização
que abarcará todos os PALOP.
Determinação, visão, persistência, "olho
clínico" na escolha dos parceiros de negócio, qualidade
na prestação dos serviços e muito rigor na gestão
são para os dois empreendedores condições basilares
do sucesso de qualquer projecto empresarial.
Mesmo sabendo que "o empreendedorismo em Portugal necessita de
mais apoios a nível institucional e financeiro para que possa de
uma vez por todas sair da cauda da Europa", defende Luís
Lima.
BI Empresarial
Nome: Viagens Gheisa
Data da Criação: 2000
Responsáveis: Luís Lima e Rui Franco
Área de Actuação: Turismo
Investimento Inicial: cerca de 40 mil contos
Número de agências no país: 22
Postos de Trabalho criados: cerca de 55
Lema: Viaje com toda a nossa atenção!
Valores fundamentais: qualidade do serviço prestado, rigor
na gestão, dedicação a 100% e muito cuidado na escolha
dos parceirosde negócio
Estratégia de expansão: atingir até ao fim do
ano 30 a 35 agências em Portugal, "ganhar" o mercado brasileiro
com a abertura da primeira agência ainda este ano e alargar a actividade
aos restantes PALOP.
Conselhos: que saiba detectar a oportunidade de negócio
e esperar pela melhor altura para implementá-lano mercado, sem
precipitações. Estude muito bem o negócio e a sua
exequibilidade financeira e se se tratar de um "franchising",
procure informar-se sobre quem é o "master".