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Um travão nas contratações

A empresa de executive search MRI Network acaba de divulgar o seu inquérito semestral às intenções de contratação das empresas lusas
05.03.2009


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Cátia Mateus
Desde 2002 que as empresas portuguesas não registavam intenções de contratação tão baixas como as de agora. Na verdade, os dados do último Hiring Survey - o inquérito semestral às intenções de contratação das empresas a operar em Portugal -, realizado pela empresa de executive search MRI Network e agora divulgado, não traçam um panorama nada animador para o mercado de emprego nacional nos próximos meses. Que a crise está ai não é novidade para ninguém, mas não deixa de causar desânimo esta radiografia que espelha um país onde as empresas recrutam os mínimos e despedem os máximos.

"Nunca desde 2002, altura em que a MRI Network Portugal realizou o Hiring Survey, obtivemos números tão baixos de recrutamento e tão altos na intenção de despedimentos", afirma Ana Luísa Teixeita, managing country da MRI Network Portugal. Para a responsável, "estes resultados são mais um indicador de que a crise está instalada e de que, quer empresas quer trabalhadores, podem estar e ainda vir a passar por momentos de dificuldades acrescidas".

O inquérito, que é realizado semestralmente em Portugal, compreende entrevistas telefónicas a 236 administradores, directores-gerais e directores de recursos humanos de empresas de todas dimensões, dos sectores das tecnologias de informação e comunicação, cuidados de saúde, biotecnologia e farmacêutica, construção civil e obras públicas, distribuição, logística e indústria. Uma amostra que se quer representativa e capaz de espelhar a realidade nacional.

Dos resultados para o primeiro semestre de 2009 resultam conclusões preocupantes. Na construção e obras públicas, por exemplo, "nenhuma empresa com mais de 100 trabalhadores antecipa aumentar os seus quadros" e 55% referem mesmo intenções de corte no número de trabalhadores.
O sector com melhores resultados é mesmo o das tecnologias de informação e comunicação. Nesta área, 36% das empresas afirma ter intenções de contratar novos colaboradores e apenas sete por cento assume avançar para despedimentos.

Nos sectores farmacêutico, biotecnologia e cuidados de saúde a tendência generalizada vai para a manutenção de postos de trabalho, com 76% das empresas a assumirem a intenção de ficarem exactamente como estão em matéria de recursos humanos, ainda que uma percentagem de 16% já fale em despedimentos.

Em termos globais, da generalidade das empresas inquiridas, 41% manifestaram intenção de manter os seus trabalhadores, enquando 46% deixaram claro que não há outra alternativa senão fazer cortes de pessoal e apenas 13% se mostraram optimistas referindo que o dinamismo do negócio pode obrigar a um aumento de trabalhadores e, consequentemente, novas contratações.

Uma mudança face ao mesmo semestre de 2008, altura em que o espelho do país era: 43% das empresas tinham a previsão de aumentar quadros, 34% procuraria manter e 23% pensava reduzir. Nesta análise da MRI Network Portugal, torna-se ainda claro que face a este cenário as organizações lusas não estão muito preocupadas com estratégias de retenção e manutenção de quadros, sendo que 56% dos inquiridos diz que não prevê utilizar qualquer meio de retenção ou desenvolvimento para os seus recursos humanos.





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