Cátia Mateus
OS TRABALHADORES portugueses estão descontentes. De acordo com um estudo da Watson Wyatt, mais de um terço dos colaboradores de empresas privadas em Portugal (37%) consideram a hipótese de mudar de emprego no próximo ano.
Uma estimativa que supera a média europeia em dois pontos percentuais e que é sustentada, sobretudo, por questões ligadas com instabilidade da organização onde estão inseridos. E se a instabilidade e insegurança são, em 82% dos casos, as principais razões para ponderar a mudança de emprego, o estudo agora divulgado revela outros factores de descontentamento.
Cerca de 62% dos trabalhadores que ponderam uma mudança no próximo ano, sustentam essa decisão no sentimento de que a organização para a qual trabalham não tem uma abertura suficiente à opinião individual e ao pensamento independente. Já para 68% dos casos a pouca flexibilidade dos benefícios é uma razão para sair e para 62% dos trabalhadores a «hora do adeus» chega quando percebem que o seu salário está abaixo da média em vigor no mercado.
A Alemanha é o país onde as pessoas têm menos vontade de mudar de emprego e a Suécia lidera a tabela dos mais insatisfeitos. Para elaborar este estudo — «Total Reward Survey — a Watson Wyatt inquiriu 8500 funcionários de 600 grandes empresas em Portugal, Bélgica, França, Irlanda, Itália, Alemanha, Holanda, Reino Unido, Suíça, Suécia e Espanha.
Com base nos resultados do estudo, Frederico Jorge, director-geral da Watson Wyatt em Lisboa e coordenador do estudo, salienta que «é crucial desenvolver uma estratégia de retenção direccionada para as motivações dos colaboradores de modo a garantir que estes não sintam necessidade de procurar outras oportunidades». O documento revela ainda que os trabalhadores portugueses são adeptos de um sistema de remuneração por desempenho.