Maribela Freitas
ANA LOPES tem 53 anos e há pouco mais de um ano ficou desempregada. Perante o cenário de estar sem trabalho, resolveu dar uma volta à vida e realizar um sonho antigo: criar uma livraria infantil. Foi assim que em Junho do ano passado nasceu a Mãos à Arte, em Leça da Palmeira. «O que me levou a abrir este espaço foi o facto de ter ficado sem emprego. Fui educadora de infância durante muito tempo e não queria deixar de trabalhar na minha área que são as crianças», explica Ana Lopes.
Com a situação de desemprego ponderou várias possibilidades de trabalho futuras, até que o seu filho lhe lembrou um sonho antigo, o de abrir uma livraria direccionada para o público infantil.
Foi assim que nasceu a livraria Mãos à Arte. Além da venda de literatura infantil, este espaço aposta no artesanato relacionado com os mais novos e na realização de ateliês para miúdos e graúdos, em áreas como pintura, cerâmica, etc. Faz ainda lançamentos de livros, sessões de contos com avós ao sábado e Ana Lopes afirma estar aberta a sugestões para mais actividades extra à venda de livros.
Mas criar um negócio não é tarefa fácil. «Este era um sonho que eu tinha mas que não foi fácil de concretizar», desabafa. A empreendedora queixa-se das burocracias para a abertura de uma empresa e da escassez de apoios para quem quer abrir um negócio próprio. «O apoio financeiro que tive foi reduzido e resumiu-se ao conjunto dos subsídios de desemprego a que tinha direito, para a criação do próprio emprego. O resto foi investimento pessoal», conta.
Outra das dificuldades que sentiu foi na escolha do espaço. As áreas comerciais na zona do Grande Porto são caras e Ana teve de se restringir à escolha de um espaço à medida do seu bolso. Teve ainda de se habituar a novas rotinas de trabalho e a tomar decisões por si. «Nunca trabalhei sozinha e gosto de funcionar numa equipa. Agora este é um trabalho muito solitário e as decisões são só minhas. Este foi um factor que a princípio foi complicado para mim, mas que já ultrapassei», explica Ana Lopes.
Em jeito de balanço, e ao fim de um ano de negócio, a empreendedora afirma que «o primeiro ano de trabalho foi muito rico a nível pessoal. Conheci pessoas fantásticas e nesse aspecto esta actividade tem sido muito gratificante. A nível de crescimento do negócio, é como tudo, Portugal está a atravessar uma fase difícil e vai-se crescendo devagarinho».
Quanto ao futuro, quer crescer mais, mas de forma sustentada. «Ter um negócio próprio é uma situação absorvente em que temos de dar mais de nós, não temos horários fixos e há todo um trabalho acrescido que eu não tinha», refere Ana Lopes. A aceitação da Mãos à Arte tem sido boa, mas confessa que apostar na criação do seu próprio emprego é sempre um risco. «Avançar com a Mãos à Arte foi um risco e ainda o é. Contudo. acho que na vida temos de arriscar», acrescenta.
Quanto à criação de empregos, Ana Lopes criou apenas um posto: o seu. «O trabalho das monitoras dos ateliês é esporádico e não são sempre as mesmas a fazê-lo», explica. A quem quer criar o seu próprio negócio Ana Lopes aconselha a não desistir dos seus sonhos. «Sigam em frente e não parem», é o seu lema.