Cátia Mateus
O número de profissionais do turismo a operar em território nacional deve crescer cerca de 20% até 2015. A estimativa vem da Associação de Profissionais de Turismo de Portugal (APTP) que na passada semana se reuniu nos Açores para debater os problemas e desafios inerentes à expansão deste sector de actividade. A qualificação e o reconhecimento de novas categorias profissionais lideram as prioridades da associação.
Criada há pouco mais de ano e meio, a APTP está decidida a promover o turismo nacional associando-o ao binómio qualidade e profissionalismo. Neste que foi o primeiro congresso promovido pela associação, em parceria com a Direcção Regional de Turismo dos Açores, rumaram àquela ilha centena e meia de participantes nacionais e estrangeiros para debater novas estratégias para a promoção, dignificação e valorização das carreiras do turismo.
Entre os presentes não restam dúvidas de que mais do que promover o país como destino turístico, há que dignificar as carreiras do sector e qualificar os seus profissionais. Nuno Santos, vogal do Conselho Directivo do Turismo de Portugal, alertou no congresso que “as qualificações escolares dos profissionais deste sector ainda estão abaixo do que seria desejável”. O representante defendeu a importância da qualificação profissional neste domínio, enfatizando que “o turismo vive um momento de força e crescimento que necessita de ter uma correspondência directa ao nível dos recursos humanos, sendo essencial que estes estejam devidamente habilitados”.
De acordo com as estatísticas de 2005, o sector do turismo emprega directa e indirectamente mais de meio milhão de pessoas. Diz Nuno Santos que “segundo um estudo realizado, a este número deverão juntar-se até 2015 mais 100 mil novos profissionais”. O vogal do Turismo de Portugal reconheceu ainda que “o ritmo da formação actual não dá resposta a estes cem mil profissionais que deverão vir a trabalhar no sector”.
Foi olhando também para esta conjuntura que Agostinho Peixoto, presidente da APTP, defendeu a necessidade de colocar na agenda política nacional a problemática do capital humano do sector do turismo nacional. Chamando a atenção para a necessidade do Governo reconhecer as 80 profissões do sector, em vez das 15 que constam actualmente do catálogo para a formação profissional. “Face ao enquadramento estratégico atribuído pelo Governo ao Turismo em Portugal, entendemos que os profissionais do sector merecem uma atenção e um tratamento compatível com a sua importância na economia nacional”, explica Agostinho Peixoto, argumentando ainda que “a associação defende que só a promoção, dignificação e valorização destes profissionais pode gerar um desempenho com elevados graus de qualidade e competitividade”.
O líder reconhece ainda a importância das empresas na formação dos profissionais e na melhoria das infra-estruturas. Segundo Agostinho Peixoto, “o programa de qualificação profissional Novas Oportunidades vai de encontro às necessidades do país uma vez que permite repescar pessoas que têm potencial para trabalhar no sector mas necessitam de formação”. Contudo, defendeu igualmente a materialização de um processo de auto-avaliação que possibilite a monitorização da produtividade entre os profissionais do sector.
Também presente no congresso, Isabel Barata, directora Regional de Turismo dos Açores, reconheceu que “vivemos numa conjuntura difícil e sabemos que os destinos bons e competitivos não se fazem só de excelentes infra-estruturas. Os profissionais de turismo são indispensáveis para conseguirmos fazer face a toda a competitividade e desafios que nos são colocados”.
Face à transversalidade e mutação constante da realidade turística que originou novas categorias de empregos com intervenção no sector, todos reconhecem que é fundamental uma atitude proactiva e uma evolução qualitativa na concepção e implementação de uma política de recursos humanos que contemple a diversidade actual do mercado.