Maribela Freitas
O SECTOR da restauração e bebidas necessita
de mão-de-obra. O Observatório desta actividade, da Associação
da Restauração e Similares de Portugal (ARESP), no seu último
estudo datado do segundo semestre de 2003, aponta para a necessidade de
nove mil trabalhadores para ultrapassar a actual situação
de falta de mão-de-obra qualificada.
O Observatório da Restauração (OR) tem por objectivo
traçar o perfil da restauração nacional, retratando
as empresas do ramo e tentando conhecer as características de
um sector que representa mais de 90 mil empresas e 450 mil postos de
trabalho. Para isso realiza bianualmente um inquérito aos empresários.
No seu último relatório refere que "a quantidade
de mão-de-obra em falta no sector ronda os 9000 trabalhadores
qualificados".
Acrescenta que este ramo de actividade "revela uma grave carência
ao nível da formação. Estima-se que 10,56% da actual
mão-de-obra, ou seja, cerca de 47.500 trabalhadores, necessitem
urgentemente de formação profissional qualificada".
Empregados de balcão (8906 trabalhadores), de mesa (9754) e pasteleiros
(6361) são alguns dos activos nessa situação.
Para Mário Pereira Gonçalves, presidente da ARESP, "é
preciso tentar aliciar os jovens com formação a trabalhar
no sector da restauração e bebidas. Apesar deste ser caracterizado
por dificuldades económicas, gera emprego e os jovens encontrarão
sempre trabalho".
Como o relatório revela, é necessária formação
em todas as categorias. Contudo, para a ARESP, a mesma é mais
premente nas categorias de cozinheiro e empregado de mesa, profissões
onde há mais necessidade de mão-de-obra qualificada, seguida
de empregados de balcão e copeiros.
"A formação ministrada pelas escolas hoteleiras,
profissionais e centros de formação não é
suficiente. O Governo deve providenciar mais formação
aos jovens para o sector, pois os que anualmente são formados
não chegam para substituir os que se reformam ou abandonam estas
actividades", explica Mário Pereira Gonçalves.
No domínio da formação, a ARESP é parceira
do Centro de Formação Profissional para o sector alimentar.
Em conjunto têm vindo a realizar acções de formação
para cozinheiros, empregados de mesa, pasteleiros, etc. Por norma, quem
os frequenta tem emprego garantido.
Quanto à remuneração, o OR aponta uma média
salarial entre os 500 e 750 euros (49% das respostas), e há quem
pague valores inferiores a 500 euros (36%).
Apesar dos valores apresentados, o presidente da ARESP refere que "o
nível de remuneração está acima das empresas
de comércio e da indústria. Não é pois pelo
índice de salários que os jovens fogem do sector, mas
sim pelo trabalho intensivo, ao fim-de-semana e nocturno. Há
muitos casos de abandono para outro ramo, com salário inferior,
mas folga ao fim-de-semana".