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Terapias que salvam vidas

Terapias que salvam vidas

Quatro jovens portugueses ousaram desafiar a crise e colocaram no mercado um projeto ambicioso que pode ajudar a salvar muitas vidas. A Cell2b desenvolve uma terapia celular concebida para tratar doentes que apresentam sinais de rejeição após transplante de medula óssea.
01.06.2011 | Por Cátia Mateus


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Desenvolver terapias que salvam vidas é a grande missão da empresa Cell2b, um projeto nacional materializado por Daniela Couto em parceria com três colegas, também investigadores, David Malta, Pedro Andrdade e Francisco Santos. Com apenas cinco meses de existência, a Cell2B já mostrou parte do seu potencial. O projeto made in Portugal venceu a categoria Start do Prémio Mulher Empresária, um galardão de empreendedorismo feminino da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), destinado a reconhecer a inovação associada a empresas constituídas há menos de um ano.

A distinção valeu à empreendedora um prize money de cinco mil euros que foram diretos para a implantação do negócio. Na verdade, como explica Daniela Couto “todo o dinheiro que sustentou a empresa até à data foi dinheiro dos quatro fundadores mas esperamos, de futuro, conseguir obter financiamento por outras fontes, para suportar custos elevadíssimos, como é o caso dos ensaios clínicos”. A Cell2b é uma empresa de biotecnologia que actua na área da saúde dedicando-se ao desenvolvimento de terapias celulares para tratar doentes transplantados e eliminar o problema da rejeição de órgãos.

“O projeto tecnológico surgiu no âmbito do doutoramento de dois dos fundadores e a sua materialização numa empresa e de avançar com a tecnologia para o mercado resultou da decisão dos quatro elementos da equipa”, explica Daniela Couto adiantando que “a tecnologia foi desenvolvida no âmbito de um projeto de colaboração entre o Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO) e o Laboratório de Bioengenharia de Células Estaminais do Instituto Superior Técnico (IST)”. Diz a empreendedora que “esta terapia celular já foi administrada em sete doentes ao abrigo de uma autorização especial e o sucesso da sua aplicação motivou-nos adesenvolver e disponibilizar a terapia a todos os pacientes que dela necessitem”.

A terapia celular desenvolvida pela Cell2b foi concebida para tratar doentes que apresentam sinais de rejeição após transplante de medula óssea. Neste momento, o projeto Cell2B emprega os seus quatro fundadores, mas reúne também um conselho científico e estratégico de seis pessoas de renome internacional para pensar no desenvolvimento científico e posicionamento estratégico do projeto.

Para os quatro empreendedores, “a Cell2b é única no mercado”. Daniela Couto adianta que “os métodos de tratamento da rejeição após um transplante apenas tentam intervir perante os sintomas mas não existe uma terapêutica atualmente no mercado que revele eficácia na cura. Não há nada no mercado semelhante ao que a Cell2b se propõe desenvolver”.

Os primeiros passos na criação deste negócio passaram pelo desenvolvimento de um plano de negócios detalhado, com um bom plano financeiro e estratégico para apresentar a investidores e também para ajudar os fundadores a estruturar o que queriam para a empresa. Neste caso específico, era fundamental ter acesso a um espaço para produção da terapia com condições muito próprias. “Este espaço é muito difícil de alugar e extremamente dispendioso para construir de raiz. Perceber onde e como o poderíamos construir foi dos primeiros passos, ainda antes da formação oficial da Cell2b”, adianta Daniela.

Neste momento a empresa está a negociar a entrada de capital de risco para financiar o projeto e os empreendedores estão atentos a todas as oportunidades quer a nível nacional quer a nível internacional. A expansão para diferentes áreas da transplantação é uma meta dos quatro empreendedores que têm na mira actuar no campo das denominadas doenças órfãs que afectam um reduzido número da população e para as quais ainda não há qualquer tratamento eficaz. “O desenvolvimento de tratamentos para este tipo de doença é normalmente mais rápido e apresenta o custo reduzido em comparação com uma terapêutica comum. Posteriormente, pretendemos expandir para a área de transplantação de órgãos sólidos, ou seja, evitar rejeição de órgãos como o coração, o fígado ou o rim. Estes são mercados maiores, que afectam um maior número de pacientes”, enfatiza Daniela Couto.

A Cell2b é assim um projeto 100% luso que nasceu em pleno contexto de crise como resultado da convicção e determinação de quatro jovens, com idades entre os 26 e os 28 anos que acreditam que podem fazer a diferença para muitos doentes. Uma prova de que Portugal também sabe fazer bem.

BI Empresarial

Nome: Cell2b
Sócios fundadores:
Daniela Couto, David Malta, Pedro Andrade e Francisco Santos.
Formação: Daniela Couto é licenciada em Engenharia Biomédica pela Universidade do Minho e está a terminar o doutoramento em Bioengenharia, no Instituto Superior Técnico (IST). David Malta tirou o curso de Engenharia Biológica pelo IST, onde fez o mestrado na mesma área e esteve também no Imperial College , em Londres, a trabalhar na regeneração de pulmão com células estaminais. Depois disso entrou no programa MIT Portugal e tem estado no MIT desde 2008 onde desenvolve tecnologias para a produção de células estaminais em condições GMP. O Pedro Andrade é licenciado em Engenharia Biológica no IST e estagiou na multinacional Unilever, na área de tecnologia alimentar, na Holanda. Tirou depois o mestrado na área da Bioengenharia de Células Estaminais no IST, projecto que continuou durante o seu doutoramento também no âmbito de Programa MIT Portugal. Atualmente desenvolve novos métodos de produção de células estaminais humanas para terapia celular. E o Francisco Santos é licenciado em Engenharia Biológica no IST e estagiou na empresa da área de tecnologia alimentar NIZO, na Holanda. Tem o Mestrado em Engenharia Biológica no IST e agora está a concluir o doutoramento em Biotecnologia na área expansão de células estaminais do mesênquima para aplicação clínica, no Laboratório de Bioengenharia de Células Estaminais no IST.
Área de atividade: A Cell2B é uma empresa de biotecnologia que actua na área da saúde. Dedica-se ao desenvolvimento de terapias celulares para tratar doentes transplantados e eliminar o problema da rejeição de órgãos.
Localidade: Lisboa
Ano de criação:
Janeiro de 2011, mas a fase de preparação começou bem antes.
Empregos criados:
Quatro postos de trabalho .
Investimento inicial:
“ Existe muito trabalho efectuado antes da própria criação da empresa, principalmente a nível técnico. São incontáveis o número de horas que investimos na empresa durante este último ano. Em termos financeiros, todo o dinheiro que sustentou a empresa até à data foi dinheiro dos fundadores e esperamos que no futuro consigamos obter financiamento por outras fontes”.
Público-alvo: A Cell2B desenvolve terapias que vão salvar vidas, eliminar a rejeição ou mesmo actuar como métodos preventivos em doentes transplantados. Os clientes serão os médicos hematologistas que fazem a prescrição do tratamento a seguir e o próprio doente.

 

 



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