Quando há cerca de um ano o Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra e a iTGrow, uma empresa do Grupo Critical Software, se uniram para colocar em prática o programa Acertar o Rumo, assumiram com o projeto uma dupla missão: ajudar a combater o desemprego nacional e, simultaneamente, colmatar a dificuldade das empresas tecnológicas em recrutar profissionais altamente qualificados, nomeadamente em Programação Java, uma das áreas com maior carência de profissionais. Conceberam para isso um projeto focado na requalificação profissional de desempregados - licenciados em áreas marginais às tecnologias de informação, mas preferencialmente oriundos de cursos com uma forte base de raciocínio lógico e matemático - dotando-os das competências necessárias para desenvolver uma carreira nas áreas das TI. Desde o seu arranque, o Acertar o Rumo já formou 20 profissionais, atualmente em fase de integração nas empresas. Para a segunda edição, atualmente em preparação, a fasquia é mais alta. As candidaturas decorrem até 15 de setembro.
Licenciados com talento e em situação de desemprego. É este o principal requisito de seleção para integrar o programa Acertar o Rumo. As candidaturas da última edição comprovam-no. “Apesar de inicialmente termos orientado o programa para licenciados fora da área das tecnologias da formação, mas oriundos de áreas científicas complementares e com forte componente de raciocínio lógico (como as engenharias, a matemática ou a física), registamos candidaturas de perfis das áreas do Direito ou até Comunicação”, explica Bárbara Rodrigues que assegura na iTGrow a coordenação da segunda edição do programa. Criar uma formação profissional técnica de informática, para licenciados com dificuldade em encontrar emprego nas suas áreas de formação original, e que revelem as competências adequadas à área das TI é o, desde o início o objetivo deste programa que está sustentado em três eixos determinantes: “seleção criteriosa, formação intensiva e estágio profissional”.
Tal como na última edição, onde se formaram 20 profissionais que estão atualmente a integrar as empresas parceiras do projeto, a edição 2014 do Acertar o Rumo contemplará uma formação intensiva rigorosa - sob a forma de curso não-conferente de grau-, a decorrer no Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra, acompanhada de formação prática “dirigida às necessidades profissionais específicas das empresas”, explica Bárbara Rodrigues. O programa tem uma duração total de 22 meses, divididos por um período de 10 meses de formação, a que se seguem 12 meses de consolidação e formação on-the-job através de um estágio profissional remunerado, numa das empresas aderentes ao programa. E nesta edição, são vários os parceiros que se comprometem a acolher nos seus projetos os alunos que tenham terminado com sucesso a fase formativa do programa, garantindo-lhes as condições remuneratórias acordadas e um contexto propício para o desenvolvimento das competências pretendidas. Accenture, BPI, Critical Software, Airc, Bettertech, Everis, ISA, ITGrow, Iten, Shortcut, Universidade de Coimbra ou Novabase, são algumas das empresas que este ano se associaram ao projeto e que receberão os formandos.
Para os promotores do programa, esta qualificação possibilita preparar os profissionais em situação de desemprego para que possam encontrar melhores oportunidades de emprego em Portugal, contribuindo para valorizar a formação académica e profissional dos talentos portugueses. E desenganem-se os que pensam que o Acertar o Rumo está apenas vocacionado para perfis mais jovens. Bárbara Rodrigues esclarece que a última edição do programa “reuniu formandos com idades entre os 25 e os 40 anos”. Talento é vontade de consolidar uma carreira na área das TI são a base para passar a etapa da seleção.
Embora o conceito de reconversão profissional seja em si aliciante para inúmeros profissionais em situação de desemprego, mesmo reconhecendo que a área das TI é das mais dinâmicas do mercado em matéria de recrutamento, ao programa Acertar o Rumo pode ser apontado um “senão”: o custo da frequência do programa que é de 2850 euros. Bárbara Rodrigues desmistifica a questão: “é a forma que temos de tornar auto-sustentável este projeto, mas estão contratualizadas condições especiais para este pagamento e o melhor aluno pode ainda beneficiar de uma bolsa, atribuída pelo BPI, que cobre todo o valor da propina”. A responsável garante que os formandos terão à sua disposição uma linha de crédito adaptada às necessidades específicas de financiamento deste programa, através do BPI, que prevê que o financiamento só comece a ser pago após o início do estágio remunerado.