Maribela Freitas
O SONHO profissional de muitos jovens portugueses actualmente
é seguir uma carreira no mundo do espectáculo.
Na tentativa de atingirem a fama como actores ou actrizes, alguns dos
que ambicionam seguir esta profissão procuram obter formação
na Escola Profissional de Teatro de Cascais (EPTC).
Nesta escola os alunos aprendem os "truques" da representação
e a grande maioria encontra trabalho após os três anos de
formação na área.
Stela Araújo, de 19 anos, é aluna do segundo ano do curso
de Interpretação da EPTC. O seu objectivo profissional era
ser jornalista, mas quis o destino que entrasse para o grupo de teatro
da escola que frequentava e se apaixonasse por esta arte. "Quando
decidi enveredar pelo teatro, ouvi falar muito bem da formação
da EPTC e resolvi experimentar", explica a aluna.
Já Marco Medeiros, com 18 anos e colega de turma da Stela, inscreveu-se
na EPTC por não se sentir motivado no ensino regular. "Estava
completamente desmotivado em relação à escola e no
apoio escolar indicaram-me esta como uma boa área para mim, pois
já tinha feito teatro amador", explica. Hoje, revela sentir-se
motivado por estar numa escola em que faz aquilo de que gosta.
Mas apesar de estarem muito motivados e animados com a perspectiva de
virem a ser actores, estes alunos não têm ilusões
quanto ao que os espera no mercado de trabalho.
Stela Araújo afirma "estar mentalizada que vai ser difícil
entrar no mercado de trabalho. Estamos numa altura de crise e não
há apoios para o teatro". Marco Medeiros também
está preocupado com o futuro e a falta de emprego que grassa no
país, mas revela que se preocupará com essa questão
mais tarde, no último ano do curso.
Com dez anos de existência, a EPTC nasceu de um contrato-programa
entre a Câmara Municipal de Cascais e o Teatro Experimental de Cascais
e já formou centenas de alunos.
Anualmente a EPTC recebe candidatos de todo o país em número
muito superior para o montante de vagas disponíveis. Só
no passado ano lectivo receberam mais de 60 inscrições para
preencher as 18 vagas que tinham para o primeiro ano da escola, no curso
de Interpretação.
Selecção rigorosa
Carlos Avilez, director da EPTC, explica que "a selecção
dos alunos é muito rigorosa. Os candidatos são sujeitos
a testes psicotécnicos, de português, inglês, a uma
entrevista e a uma audição perante cinco professores".
Por isso, só os que têm vocação e algum talento
para o teatro ingressem na escola.
Ao nível da formação a EPTC recebe alunos com o nono
ano de escolaridade, que no final da formação obtêm
uma qualificação profissional de técnico intermédio
de nível III, com equivalência ao 12.º ano de escolaridade.
Neste momento a escola disponibiliza apenas um curso - o de interpretação
- que tem como objectivo preparar os alunos para exercerem a actividade
de actores de teatro, televisão e cinema e a animação
cultural é mais uma hipótese de trabalho para quem sai deste
curso.
Há cerca de quatro anos, a escola oferecia ainda mais dois cursos,
o de cenografia e de iluminotecnia, onde todos os alunos formados estão
actualmente a trabalhar nas suas respectivas áreas.
Quanto à empregabilidade da EPTC, Carvos Avilez confessa que esta
é "bastante elevada". A maior parte dos alunos
que acabaram a sua formação em interpretação
estão a trabalhar, quer seja no teatro quer na televisão.
Alguns atingiram até a notoriedade, como por exemplo Leonor Seixas
que representa na telenovela da TVI "Saber Amar", ou Marco Almeida
na "Jóia d' África", também neste canal
televisivo.
Carlos Avilez relembra ainda muito outros ex-alunos que já estão
a trabalhar, com o orgulho de alguém que vê o seu trabalho
como professor alcançar êxito. "Muitas vezes os nossos
alunos ainda não terminaram os cursos e estão já
a ser 'assediados' para trabalhar. A maioria recusa e opta por acabar
de estudar e só depois ingressar no mercado de emprego",
remata o professor.