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Sem medo de competir

Quem confia nas suas capacidades prefere trabalhar com metas, bónus e compensações
06.10.2006


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Marisa Antunes Para eles, a crise é mais suave. Pagos bem acima da média, os chamados profissionais de elevado potencial são disputados pelo mercado — e até mesmo na nossa realidade empresarial, tantas vezes minada pelo marasmo da ‘cunhocracia', eles conseguem fazer valer o seu mérito. Estes talentos de topo não têm por isso receio de trabalhar por objectivos e sentem-se mesmo atraídos pelas organizações que apostam na formação e no desenvolvimento de carreiras.


Segundo uma das principais conclusões do ‘European Mercer Total Reward' — um megaestudo europeu divulgado recentemente pela multinacional de consultoria que envolveu 436 empresas de 19 países (incluindo Portugal) — ‘os profissionais de elevada «performance» valorizam tanto, ou até mais, as oportunidades de carreira como os benefícios e as compensações salariais'.

Conforme salienta Paul O'Malley, especialista europeu da Mercer na área de Total Rewards, ‘os «high performers» querem trabalhar em organizações onde sintam que têm potencial para crescer como profissionais. As empresas devem por isso criar essas oportunidades, que são muito mais valorizadas pelos trabalhadores'. ‘As pessoas mobilizam a sua energia por metas, definidas a curto prazo. Porém, quem dirige as empresas ainda continua a insistir em tratar os trabalhadores como mercenários, acreditando que a mera compensação salarial produz satisfação', reforça ainda Jorge Marques, presidente da Associação Portuguesa de Técnicos e Gestores de Recursos Humanos.

Ainda segundo o estudo, e de acordo com a perspectiva dos empregadores, (mais precisamente de 85% dos participantes), é importante que os objectivos definidos para os trabalhadores estejam claramente relacionados com os resultados a atingir pela empresa. E que os profissionais saibam exactamente como devem contribuir para serem recompensados.

Fundamental também é comunicar com os trabalhadores e tentar apurar o que pesa realmente na sua motivação e produtividade. Por isso, lembra Paul O'Malley, em matéria de política de compensações nas empresas, ‘o que é bom para uns, não é necessariamente para todos'. Tal como a pesquisa da Mercer apurou, as próprias organizações podem ganhar ao fazer reajustes aos benefícios e compensações dos trabalhadores, após uma auscultação geral.

Na Electricidade de Portugal, por exemplo, os trabalhadores beneficiam de um plano social flexível — o EDP Flex —, ajustado às necessidades de cada um e independente do salário mensal. ‘Este plano representa 5% da remuneração mensal do trabalhador e não pode ser inferior a 900 euros anuais. Distribui-se por seguros de vida e de saúde, mensalidades para a creche ou a faculdade dos filhos ou planos de reforço de pensões', pormenoriza Eugénio Carvalho, director do Gabinete de Recursos Humanos da EDP. ‘Desta forma, existe uma maior responsabilização do trabalhador para com o seu próprio futuro e também é vantajoso para a empresa, pois procurámos uma optimização fiscal', realça o responsável.

Entre outras recomendações, a pesquisa da Mercer lembra a necessidade dos empregadores apurarem junto da sua equipa qual o real valor que esta confere aos prémios e benefícios e de que forma as compensações influenciam o seu desempenho. Por seu turno, ‘os trabalhadores querem também saber como podem desenvolver a carreira, se estão a ser remunerados de forma justa ou se o seu desempenho influencia efectivamente a sua compensação salarial', realça o estudo.

Para as empresas que implementam uma estratégia de recompensas e bónus, é ainda fundamental saber avaliar de forma justa os seus colaboradores. ‘Existem três campos de avaliação: as competências intelectuais, as competências técnicas específicas e as emocionais, onde se analisa a forma como a pessoa se integra em vários grupos, a capacidade de relacionamento, a atitude ou a maneira de comunicar. Esta última é cada vez mais importante', explica Jorge Marques. Como salienta este especialista em recursos humanos, ‘as grandes empresas já não procuram os alunos brilhantes mas aqueles que têm a atitude correcta, com facilidade de integração e capacidade de apreender rapidamente aquilo que se pretende. São estes os talentos de topo'.





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