Maribela Freitas
AOS 41 anos de idade Ana Lopes do Rego sente-se realizada
com o caminho profissional que escolheu. Depois de quase vinte anos a
trabalhar por conta de outrem na área do secretariado, resolveu
dar uma volta à vida. Arriscou na criação de um negócio
próprio e abriu a Transire, uma empresa de serviços de tele-secretariado.
Com um curso de secretariado e uma larga experiência de trabalho
nesta área, foi óbvio para Ana Lopes do Rego que era neste
segmento de mercado que queria desenvolver um negócio próprio.
«Em deslocações a vários países
europeus deparei-me com pessoas que trabalhavam na área do tele-secretariado
e empresas que recorriam a este serviço e fiquei sempre com a
ideia de que logo que existisse a oportunidade, teria de implementar
este conceito em Portugal», explica Ana Lopes do Rego. Após
a saída da multinacional de telecomunicações onde
trabalhava aproveitou para descansar durante um ano e ter algum tempo
para si e para a família. No decurso desse período de
inacção profissional aproveitou para fazer estudos de
mercado sobre a actividade que queria desenvolver. Trocou também
impressões com amigos sobre a viabilidade do negócio e
foi aí que Pedro Moura, seu actual sócio, se mostrou interessado
na ideia. Quando a Transire foi criada Pedro Moura estava a trabalhar
por conta de outrem e prestava apenas apoio nesta empresa. Há
algum tempo deixou o seu anterior trabalho e aos 35 anos de idade tornou-se
sócio desta estrutura empresarial, criada em Março de
2003.
Na prática, esta empresa presta serviços de tele-secretariado,
assegurando internamente todo o trabalho de atendimento telefónico
- através da atribuição de um número de
telefone à empresa cliente ou pelo reencaminhamento das chamadas
-, recepção e expedição de correspondência,
domiciliação de correio e secretariado de uma empresa
ou mesmo de um departamento específico de uma organização.
O cliente pode dispor de todos estes serviços administrativos
externamente, ao longo de todo o dia, sem ter necessidade de ter pessoal
no escritório para esse efeito.
Dificuldades iniciais acrescidas
«Dos estudos de mercado que realizei, verifiquei que não
há um sector específico para o qual os nossos serviços
estão direccionados», refere Ana Lopes do Rego, actualmente
já com 35 clientes. Para estes empreendedores as vantagens para
o cliente são óbvias, pois «este apenas paga
o serviço efectuado e evita as despesas com pagamento de ordenado
e impostos que teria com um funcionário ao final do mês.
Além disso prestamos um serviço das nove da manhã
às oito da noite, de segunda a sexta, sem problemas de férias
e absentismo».
No entanto, para Ana Lopes do Rego «é difícil
implementar um negócio destes em Portugal». É
que na sua opinião esta ideia de não ter uma secretária
em pessoa na empresa pode ser difícil de conceber para os clientes
mas garante que aspectos como confidencialidade e eficiência são
assegurados. Tudo passa pela mentalidade e abertura a novos conceitos.
Daí que não seja de estranhar que o primeiro cliente da
Transire tenha sido uma empresa estrangeira.
Quanto ao investimento inicial, a Transire - que está a funcionar
em Carnaxide - necessitou de 65 mil euros para arrancar. «Recorremos
a capitais próprios e grande parte deste bolo foi gasto na parte
tecnológica. Recentemente fizemos novo investimento em equipamento
e, por isso, ainda não recuperámos o valor inicialmente
aplicado», conta Ana Lopes do Rego. Neste momento os dois
empreendedores explicam que o negócio está a crescer lentamente.
E para o futuro ambicionam vir a descentralizar os seus serviços
e ter em várias cidades um centro Transire.
Para esta empreendedora, «a Transire é como um filho
e sinto-me muito realizada com o trabalho que estou a desenvolver».
O único problema é que nem sempre é fácil
conciliar o negócio com a sua vida familiar.
Transire - serviços de tele-secretariado