O salário médio bruto nos 28 países da União Europeia é de 1995 euros mensais. Um profissional português levam em média para casa ao final de cada mês 986 euros. Uma diferença de 1005 euros que coloca os portugueses cerca de 50,6% abaixo da média salarial da generalidade dos europeus. As contas são feitas pelo estudo IV Monitor Anual Adecco, elaborado em colaboração com os investigadores de Barceló y Asociados, e focado no estudo salarial dos profissionais europeus. E os portugueses não são os mais penalizados. Segundo a multinacional de recrutamento “existem dez países da União Europeia cujo salário médio é inferior ao português”.
A desigualdade da média salarial nacional face à europeia é por demais evidente. Mas ainda assim, há europeus em piores condições do que os portugueses. Estónia, Croácia, Eslováquia, República Checa, Polónia, Letónia, Hungria, Lituânia, Roménia e Bulgária compõem a lista de dez países onde a media salarial é ainda mais desfasada da europeia. Se em Portugal a media salarial é de 986 euros mensais, na Polónia, por exemplo, ronda os 686 euros mensais e na Bulgária os 357 euros mensais, segundo dados do estudo. Na análise, a Adecco comparou a remuneração portuguesa à de Espanha e França, os seus vizinhos mais próximos, para apurar uma diferença de €654 e €1.269 mensais, respetivamente.
Para a Adecco, é possível classificar os 28 países comunitários em três grandes grupos, segundo o nível do seu salário médio mensal. “No primeiro grupo contam-se 11 países com um salário médio inferior a 1.000 euros por mês. Excepto Portugal (986 euros/mês), todos eles são da Europa de Leste: Bulgária (357 euros), Roménia (453 euros), Lituânia (527 euros), Hungria (543 euros), Letónia (601 euros), Polónia (686 euros), República Checa (758 euros), Eslováquia (774 euros), Croácia (782 euros) e Estónia (798 euros)”, explica a empresa no estudo.
Além destes países, ?existem oito nações com remuneração média superior a 1.000 euros, mas abaixo dos 2.500 euros mensais, que fazem parte do Segundo grupo, o dos países com os designados salários intermédios. A Áustria lidera este grupo. Um profissional austríaco levam para casa mensalmente uma media de €2.382. França é o segundo país do grupo com maior media salarial (€2.255), seguindo-se Itália (€2.017), Espanha (€1.640), Chipre (€1.256), Malta (€1.168), Eslovénia (€1.142) e Grécia (€1.011).
O terceiro grupo, o dos países cuja remuneração media é superior a €2500 mensais, é composto por nove países: Alemanha (€2.515), Suécia (€2.541), Finlândia (€2.555), Holanda (€2.575), Irlanda (€2.592), Bélgica (€2.619), Reino Unido (€2.742), Luxemburgo (€2.994) e Dinamarca (€3.553). “Este é o grupo mais homogéneo. Tirando os casos do Luxemburgo e Dinamarca, as diferenças entre os países não superam os 9%.”, realça o estudo.
Uma análise realizada aos dados apurados pela Adecco no âmbito deste estudo permite constatar que dentro da União Europeia a desigualdade entre remunerações médias salariais pode chegar a ser dez vezes superior entre países. É o caso, por exemplo, da Dinamarca (com €3.553 mensais) em relação à Bulgária, que não excede os €357 euros/mês. Ou seja, “num único mês, um trabalhador dinamarquês ganha o mesmo que um colega búlgaro em dez meses”. Uma diferença de 3.192 euros mensais.
Entre os 19 países que utilizam o euro como moeda, as diferenças são um pouco menos marcantes, mas ainda assim significativas. O salário médio no Luxemburgo (€2.994), o maior da zona Euro, é quase seis vezes superior ao da Lituânia (€527), o mais baixo da zona Euro. Segundo a Adecco, “é possível afirmar que Portugal está em clara vantagem em relação aos países da Europa de Leste, mas o mesmo não acontece quando comparado com os países mais avançados da União Europeia”. A multinacional de recrutamento enfatiza, por exemplo, que o gap salarial entre Portugal e o Luxemburgo é de €2.008 mensais. Por outras palavras, um profissional português ganha, em média, menos 67% do que um luxemburguês.