Ruben Eiras
OS salários dos executivos portugueses irão
aumentar cerca de 4,7% em 2004, enquanto que para o mercado em geral o
crescimento deverá situar-se entre os 3% e os 3,9%. A previsão
é do Hay Group, uma consultora internacional de gestão de
recursos humanos.
Segundo Luís Reis, director geral daquela empresa em Portugal,
o aumento salarial dos gestores de topo é superior ao do nível
médio do mercado devido à escassez de profissionais talentosos
neste segmento profissional e ao clima de insegurança laboral
provocado pela recessão económica.
"Como a base de recrutamento de executivos é muito limitada,
quem muda faz-se pagar bem", frisa aquele responsável.
E acrescenta que "a recessão induz os bons profissionais
a optarem por manter o actual emprego - há muitas pessoas que
ficaram causticadas pelo rebentamento da bolha tecnológica, devido
a fracassos como a Pararede ou a Oniway".
Com efeito, a escassez de talento ao nível da gestão de
topo e intermédia é tão significativa em Portugal,
que os salários praticados no mercado nacional já ultrapassam
os valores de países como a França e o Reino Unido.
Senão vejamos. Enquanto que a remuneração anual
total de um executivo gaulês é de 146.020 euros e a de
um britânico se situa nos 150.719 euros, o gestor português
aufere quase 160.000 euros.
Em contraste, na Irlanda, a retribuição anual não
vai além dos 92.534 euros, sendo este um provável indicador
da abundância de talento em gestão neste país. O
valor português só é ultrapassado pelo do mercado
espanhol (181.180 euros), o da Grécia, com uma remuneração
de 176.935 euros e o da Itália (177.818 euros).
Todavia, no segmento dos técnicos qualificados, a situação
nacional é totalmente oposta à verificada na categoria
dos executivos. Os dados do Hay Group mostram que estes profissionais
possuem a segunda pior remuneração (38.459 euros) do grupo
de sete países analisados. Além disso, Portugal é
o país que apresenta a maior clivagem salarial entre a categoria
profissional mais elevada (executivos) e a mais baixa (técnicos
qualificados).
O estudo do Hay Group indica também que o incremento salarial
a verificar no plano de negociação da contratação
colectiva deverá situar-se entre os 2% e os 3% porque, segundo
Luís Reis, "este é o valor pelo qual se deverá
pautar a taxa de inflação em 2004".
Outra mudança a caminho é a consagração
efectiva da gestão por objectivos e com base no mérito
do tecido empresarial português.
Aquele especialista avança que as tendências na gestão
de RH apontam para a recompensa nas organizações, "através
da implementação de políticas integradas que potenciem
o desempenho e a produtividade".