Marisa Antunes
ESTABELECEM o elo de ligação entre o final do curso universitário e a entrada no mundo empresarial e podem mesmo decidir o futuro profissional do recém-licenciado. Num ambiente de trabalho cada vez mais competitivo, já não basta a licenciatura pertinente, a média final do curso ou o prestígio da faculdade onde se conseguiu o diploma. Os gabinetes de apoio à inserção dos universitários no mercado, quando profissionalizados e bem organizados, ajudam na pesquisa de emprego, facilitam o recrutamento e fazem mesmo a diferença na vida dos universitários.
Na Universidade Católica, onde os alunos de Gestão e Economia têm uma taxa de empregabilidade de 80% no espaço de apenas um mês, o Gabinete de Desenvolvimento de Carreiras garante a todos os finalistas um estágio numa empresa do mercado nacional ou internacional. «Este ano tivemos 230 ofertas para 140 finalistas, em várias áreas entre as quais a banca, auditoria, marketing de consumo ou telecomunicações. Cerca de 10% dessas vagas são em empresas fora do país, de Londres a Luanda», pormenoriza a responsável do gabinete, Ana Duarte Ribeiro, que, em conjunto com mais duas pessoas, assegura o apoio necessário aos alunos.
Na Católica, a grande maioria dos alunos do 3.º ano não perde a oportunidade de conhecer a realidade empresarial através destes estágios, sendo depois frequentes os casos de recrutamento, no ano seguinte em que terminam a licenciatura, resultado «dessa boa experiência», refere a responsável deste gabinete que foi criado há uma década.
Lembrando que o apoio não se esgota nestes estágios, Ana Duarte Ribeiro realça a importância da formação que é dada, ao longo de todo o ano, ao nível do «coaching individual» dos alunos na preparação do currículo e das entrevistas.
Na Universidade Nova, alguns dos alunos do curso de Economia começam a ser recrutados logo no início do ano lectivo. «Normalmente, as empresas de consultoria e os bancos de investimento estrangeiro querem garantir a contratação de alguns dos finalistas, com uma boa média, e em Junho, quando estes terminam, entram directamente para o mercado de trabalho», explica a directora do Gabinete de Apoio Profissional (GAP), Elsa Franco.
Neste primeiro gabinete profissional a ser criado por uma universidade, em 1988 (até aí este tipo de prestação de serviços era assegurado pela associação de estudantes, tal como ainda acontece em algumas faculdades), as ofertas de trabalho que vão chegando podem também contemplar antigos estudantes da faculdade, pois o vínculo nunca se perde. «Quem recruta sabe que nós mantemos o contacto com estes ex-alunos, que entretanto já ganharam um certo nível de experiência que as empresas procuram», adianta Elsa Franco.
Além dos anúncios com oportunidades de trabalho via-mail, para os actuais e antigos alunos e da divulgação dos currículos dos estudantes às empresas que constam na base de dados, o GAP organiza também as sessões de recrutamento na faculdade: só no ano lectivo passado foram 56 as empresas de várias áreas que se deslocarem à Nova. «Estes ‘road-shows' são ainda complementados pelo Business Fórum, um evento de dois dias, onde cerca de 30 organizações empresariais fazem as suas apresentações», acrescenta ainda.
Também muito dinâmico, o Gabinete de Saídas Profissionais da Universidade da Beira Interior tem vindo a ganhar popularidade junto dos estudantes que no espaço de seis anos duplicaram ali as suas inscrições, na esperança de conseguirem um empurrão para o mercado de trabalho.
Dos 373 universitários que se registaram em 2.000, transitou-se para os actuais 631, a grande maioria finalistas. «Também as ofertas das empresas têm vindo a aumentar cada vez mais e das 458 que recebemos durante o ano de 2000, passámos para as 3.921 este ano, até final de Julho», salienta Rogério Palmeiro, responsável pelo Gabinete de Saídas Profissionais.
Além das oportunidades criadas pelas 402 empresas que constam da base de dados e que se destinam, na sua maioria, aos licenciados das áreas tecnológicas e económicas, o Gabinete tem a preocupação de divulgar informação sobre bolsas mais viradas para cursos de difícil empregabilidade. «Temos, por exemplo, 80 ‘calls' para bolsas e investigação aplicada, e que depois na prática representam uma janela enorme para cursos com dificuldades maiores de inserção como sejam a Química, Bioquímica e Línguas e Culturas Portuguesas (47 bolsas para química/bioquímica) e 19 possibilidades de formação no exterior para a área das línguas», realça Rogério Palmeiro.
O gabinete, que funciona igualmente com três pessoas a tempo inteiro, actualiza também, em permanência, a informação relativa a estágios na União Europeia, REPER-Recrutamento das Entidades Comunitárias, Ministério dos Negócios Estrangeiros-Diplomacia, Unesco, ONU, InovJovem, entre outros.