Ruben Eiras
Formação à distância elimina
a dispersão geográfica dos trabalhadores
A FORMAÇÃO da força de trabalho na rede ferroviária
nacional entrou em alta velocidade. A Refer, empresa pública
responsável pela gestão, construção e manutenção
do sistema ferroviário, está a utilizar uma plataforma
de "e-learning" que será utilizada para formar uma
parte significativa dos quase 5000 colaboradores da empresa.
"Apostamos neste sistema porque consideramos o 'e-learning'
um óptimo canal para formar uma força de trabalho que
está geograficamente dispersa", salienta Rui Nunes da
Silva, responsável pela formação naquela organização.
Baseada numa solução tecnológica da Academia Global,
a estratégia de aprendizagem seguida pela Refer para os conteúdos
a disponibilizar na plataforma, passa por construir cursos breves, elaborados
por pequenas equipas, organizadas por especialidades.
A médio prazo, um dos principais objectivos da aposta no "e-learning"
é o de construir um sistema de gestão de conhecimento
da rede ferroviária nacional. "Há que registar
o conhecimento tácito dos trabalhadores que se reformam: muitos
deles acumularam competências específicas que são
valiosas para a empresa. É crucial transmiti-las aos novos colaboradores",
argumenta aquele responsável.
No momento, todos os processos administrativos e de gestão de
formação estão já informatizados, sendo
possível a qualquer trabalhador com acesso à rede informática,
e em qualquer zona do país, inscrever-se num curso e frequentá-lo.
"Todo o processo de formação já migrou
para o portal corporativo", avança Rui Silva.
Aquele responsável refere ainda que espera alcançar o
retorno do investimento (ROI) do sistema de "e-learning" num
prazo de três a cinco anos. "Mas não vamos dar
um passo maior que a perna - há que envolver todos os níveis
hierárquicos para criar na empresa uma cultura técnica
assente na gestão por objectivos e na formação",
sublinha.
Um dos alicerces da nova cultura a criar é o sistema de avaliação
da formação que se encontra em processo de implementação.
O modelo foi concebido pelo Citeforma, um centro de formação
co-participada pelo IEFP, e baseia-se na ligação da formação
à melhoria do desempenho do trabalhador e à concretização
de objectivos de negócio.
"Esta abordagem implica que, não só se avalie
as reacções dos formandos aos cursos, mas também
as mudanças comportamentais originadas, as competências
adquiridas e até o impacto no desempenho da empresa, através
da medição do ROI da formação",
explica Rui Silva.
A concepção do sistema de avaliação da formação
já passou por três etapas. A primeira consistiu na sua
"promoção" pedagógica dentro da empresa.
"Falamos com todas as áreas da organização,
demonstramos como se iria fazer a avaliação da formação
e realizamos testes ao sistema. Todos ficaram a saber como funcionava
o novo processo avaliativo", descreve aquele responsável.
Na segunda fase foi realizada a primeira avaliação da
formação, que incluiu uma avaliação específica
dos monitores e das entidades formadoras.
A terceira etapa, que está a decorrer, consiste na implementação
de melhorias no processo de levantamento de necessidades de formação
e no processo pedagógico. "Esta fase ainda não
está a decorrer ao ritmo desejável, porque estamos a identificar
as necessidades de cada colaborador", remata o responsável
pela formação.