Fernanda Pedro
Coimbra foi palco de uma mostra dos ofícios
NEM MESMO a chuva e o frio demoveram os jovens de observar "in
loco" os diversos profissionais que demonstraram as suas actividades
nos primeiros encontros Educação/Formação
organizados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional
(IEFP) e pela Direcção Geral de Formação
Vocacional, realizados em Coimbra.
SerPro foi o tema desta mostra formativa que levou até à
cidade dos "estudantes" milhares de jovens e profissionais
vindos de todo o país. Com o objectivo de os orientar para uma
carreira, o certame teve a particularidade de mostrar como se trabalha
com qualidade.
O evento conseguiu cativar os jovens que percorreram as ruas de Coimbra
em busca de informações sobre as saídas profissionais
existentes no mercado de trabalho português. O ponto de partida
para a caminhada das profissões foi no Convento de S. Francisco,
onde uma peça de teatro delineava um percurso profissional para
jovens, realçando o factor formação.
Na Praça do Comércio, apresentaram-se os percursos possíveis
na área dos serviços, cuidados de beleza, comércio,
hotelaria e restauração. Teresa Ferreira, finalista do
curso Restaurante/Bar da Escola de Turismo e Hotelaria de Coimbra dava
as boas-vindas no espaço dedicado às diversas actividades
desenvolvidas.
Com 21 anos de idade, Teresa está convicta que terá emprego
garantido quando terminar o curso. A estudante aconselhava os jovens
a verem de perto as várias oportunidades que poderiam "agarrar"
se optassem por esta saída profissional.
Mais perto do salão de cabeleireiro, encontrava-se João
Santos, aluno de um curso profissional de metalomecânica ministrado
pelo IEF. Não estava à espera de um corte de cabelo, mas
deambulava pela exposição.
Aos 19 anos de idade já traçou o seu percurso profissional,
mas não fecha as portas a outras experiências laborais.
João Santos adiantou que apesar de já ter escolhido uma
carreira não quer dizer que no futuro não possa mudar
de percurso e por isso "é sempre bom ver o que se faz
por aí".
A próxima paragem foi a Praça da República onde
se exibiam ateliês de formação na área da
cerâmica, vidro, madeiras e jardinagem, cujo tema era "Aprender".
A curiosidade imperou nesta zona da exposição. Os jovens
debatiam-se para conseguir um lugar perto dos artesãos, que calmamente
faziam surgir das mãos vários objectos, quer de madeira,
quer de cerâmica, quer de vidro.
A arte vidreira foi a que ganhou mais adeptos - hipnotizou os jovens,
que não perdiam pitada de cada movimento criativo dos artesãos.
Karina Saldanha, de 16 anos, veio expressamente de Vila Nova de Gaia
para o evento. Não escapou ao fascínio do vidro, mas,
para si, este não foi o único atractivo do certame.
"Este contacto directo com as profissões é muito
enriquecedor para nós", explicou a jovem. Karina está
a frequentar um curso profissional de técnica de serviços
pessoais e à comunidade e espera ter trabalho no futuro.
Na realidade, são várias as artes e ofícios em
Portugal que podem empregar muitos destes estudantes. Algumas estão
mesmo em risco de extinção se os jovens não apostarem
nelas. Idalina Ferreira, formadora na área da encadernação
da CEARTE, explicou como esta arte pode funcionar como uma saída
profissional rentável.
"Há falta de técnicos neste sector, e enquanto
houver livros há trabalho", adiantou a formadora. Idalina
referiu ainda a curiosidade que muitos destes jovens revelaram quando
passaram pelo "stand". A maioria desconhecia o que era esta
profissão: "Para eles, ser dourador não tinha qualquer
significado, mas ao verem com os seus próprios olhos como se
gravam os livros, foi uma descoberta".
Também Manuel Ribeiro, formador do curso de marcenaria, referiu
como esta profissão está carente de profissionais qualificados.
"Há mercado de trabalho para jovens marceneiros. Se hoje
tivesse seis formandos disponíveis, eles teriam emprego garantido",
explicou Manuel Ribeiro. Este responsável salienta que é
crucial reconquistar os jovens para esta arte milenar.
No final do périplo por Coimbra em busca de informação
sobre o mundo das profissões, chegou-se ao novíssimo Estádio
Municipal de Futebol onde se encontrou os percursos formativos para
as profissões do sector secundário.
Para Fernando Baptista, vice-presidente do IEFP, estas acções
vieram informar o que se está a desenvolver em termos de formação.
"Achamos que é importante apresentar às pessoas
as saídas profissionais existentes, bem como a estabelecer um
percurso para aqueles que ainda procuram um caminho profissional",
referiu o responsável.
Do ser ao fazer, Coimbra apresentou de tudo um pouco. Resta aos jovens
ponderarem nas suas escolhas e conseguirem alcançar no futuro
uma carreira profissional de sucesso.
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