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Profissionais portugueses de olhos postos no mundo

Profissionais portugueses de olhos postos no mundo

Diz-se que a adversidade é muitas vezes um catalisador de oportunidades e muitos profissionais portugueses já o perceberam. A taxa de desemprego assumiu em dezembro novo valor histórico de 13,6% e a breve prazo não se vislumbra uma inversão da tendência. Para os especialistas em recrutamento a internacionalização de carreiras é uma clara alternativa e talvez por isso, são cada vez mais os profissionais que estão a aproveitar a crise e até eventuais situações de desemprego para investir na aprendizagem de novos idiomas. E o leque de escolhas é cada vez mais vasto.
03.02.2012 | Por Cátia Mateus


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Em 2011, cerca de 120 mil portugueses deixaram o país em busca de oportunidades de emprego além-fronteiras. A tendência não é recente, mas tem assumido maior dinâmica nos últimos anos e é comprovada quer pelos principais players de recrutamento a operar no mercado nacional, quer pelas escolas de línguas que têm vindo a registar uma procura crescente por parte de profissionais que aproveitam o momento para se fortalecerem no que toca ao domínio de novos idiomas. É que para aproveitar as oportunidade que o mundo oferece é preciso estar à altura e no emprego e nos negócios, falar a mesma língua é cada vez mais um factor-chave.

Na assinatura formal do contrato de aquisição de uma parte do capital da EDP por parte da China Three Georges Corporation, a língua mais ouvida foi o inglês. Ficou claro que entre portugueses e chineses, o mandarim – ainda que seja uma das línguas que suscita mais curiosidade entre os profissionais lusos – continua a ser um entrave. E as barreiras linguísticas não se ficam por aqui.

Se num anúncio de emprego lhe disserem que o Reino Unido procura profissionais empreendedores capazes de desenvolver projetos nas áreas das tecnologias ou das energias renováveis, provavelmente respirará de alívio porque até domina o inglês e esta pode ser uma oportunidade a não perder. Mas se a oferta vier da Suécia, onde os engenheiros portugueses estão a ser cada vez mais requisitados, ou da Noruega que tem em marcha um programa que visa captar para o país cinco mil profissionais de engenharia, para suprir as lacunas que tem na área, você não estará tão à vontade.

Com efeito, à medida que o desemprego cresce nalguns países da Europa, outro há que se fortalecem economicamente e tem conseguido tornar-se aliciantes para profissionais com perfil de carreira global (ver caixa) .
E esses, são para os especialistas de recrutamento fáceis de detetar. Um profissional global não tem barreiras de mobilidade porque também não as tem em termos linguísticos. Para lá das qualificações alcançadas nos bancos das universidades, o investimento sério e atempado do domínio de pelo menos dois idiomas estrangeiros faz maravilhas pela carreira de qualquer profissional que aspire a uma experiência internacional.

Num mercado cada vez mais global onde as empresas nascem já com aspirações de internacionalização, há muito que já não há nem empregos nem países para a vida. A experiência de uma carreira internacional é cada vez mais valorizada, a par com a capacidade de fechar negócios e gerir ou integrar equipas multinacionais, com diversidade de idiomas.

Essa é a convicção de Álvaro Fernandéz, líder da Michael Page Portugal, especialista em recrutamento especializado. O espanhol que há alguns anos se rendeu ele também a uma carreira no país vizinho, acredita que “na atual conjuntura nacional, os candidatos devem estar dispostos a aceitar desafios que lhes permitam desenvolver as suas competências e networking”. Uma predisposição que implica uma abertura à mudança e uma vontade de adquirir novas competências a cada dia. “Os profissionais devem reciclar conhecimentos em áreas que complementem a sua experiência e que tenham real aplicação no mercado de trabalho”, adianta o especialista colocando grande ênfase na aprendizagem de novos idiomas, mesmo quando a meta não é mudar de país. “Os cursos de línguas são hoje de extrema importância. Cada vez mais as empresas desenvolvem projetos internacionais onde o conhecimento de um ou mais idiomas é requerido”.

A opinião é também partilhada por Paula Baptista, managing director da Hays Portugal, para quem o domínio de vários idiomas é já um requisito indispensável para quem recruta numa altura em que “para um candidato, valorizar as suas soft skills é tão importante como perceber quais são, as que lhe faltam, e desenvolvê-las”.

E para Amândio da Fonseca, a atual conjuntura económica do país é propícia a esse investimento. O especialista em recrutamento e administrador do Grupo Egor, salienta que “a fase do desemprego que afeta muitos profissionais em Portugal, deve ser encarada como um período sabático de análise e reflexão e uma oportunidade não apenas para repensar o futuro, mas também para adquirir competências que alarguem o acesso a novas oportunidades de carreira e outros sectores ou mercados”.

Para além das línguas mais comuns como o inglês, o francês, o espanhol ou o alemão, Fernandéz refere é importante estar atento para o potencial muito interessante dos idiomas de algumas economias emergentes. Portugal goza de proximidade linguística com Angola, Moçambique e Brasil que neste momento se posicionam como economias em grande crescimento, com enorme potencial de criação de emprego e inúmeras carências de talento que os profissionais portugueses podem ajudar a colmatar. Contudo, há outros idiomas que estão a ganhar destaque nas escolas de línguas portuguesas.

Brasil, Angola, Alemanha, França, Suécia, Reino Unido, Noruega, Finlândia, Suíça e Holanda são alguns dos países que estão a recrutar portugueses e a oferta disponível nas academias de idiomas nacionais e também nas diversas universidades e institutos do país, comprova a vontade dos portugueses em não desperdiçar nenhuma oportunidade por falta de qualificação.

São inúmeros os cursos a funcionar em horários pós-laboral, pensados para quem trabalha e quer acrescentar ao seu currículo novas competências linguísticas. O russo, o italiano, o norueguês, o sueco e o turco, são alguns dos idiomas que começam a suscitar curiosidade entre os portugueses que já elegeram a aprendizagem do mandarim como uma ambição. Muito antes da maior potência exportadora do mundo começar a fazer aquisições em território nacional, já muitos institutos e universidades promoviam a aprendizagem da língua, num regime de cursos livres.

O mandarim é a língua oficial da China e é, segundo o Observatório de Língua Portuguesa, a mais falada em todo o mundo totalizando 845 milhões de falantes a nível global. Na Faculdade de Letras da Universidade do Porto as turmas estão cheias e o curso registou este ano a maior adesão de sempre, sobretudo entre os perfis mais jovens. Mas é também possível aprender o idioma na Universidade de Aveiro, na Universidade Nova de Lisboa (que também tem curso de árabe), na Universidade do Minho (Instituto Confúcio) e no Centro Científico e Cultural de Macau.

Os países que acolhem os desempregados da Europa

Com taxas de desemprego que não param de subir, a vida para os profissionais de alguns países da Europa não está fácil e muitos optam por procurar oportunidades laborais fora do país natal. Conheça os países que estão a acolher os desempregados do sul da Europa e os idiomas em que vale a pena investir para potenciar novas oportunidades.
. Albânia. O Lonely Planet considerou-o o primeiro lugar a visitar no ano passado e a verdade é que o país tem-se tornado bastante atraente para muitos emigrantes europeus. São sobretudo os italianos e os gregos a aproveitar as oportunidades da Albânia, devido à proximidade entre as duas nações. A língua oficial é o albanês.

. Alemanha. É um clássico da emigração europeia que atrai profissionais de quase todos os países. Para muitos portugueses a língua oficial alemã é ainda um entrave difícil de ultrapassar, mas com algum investimento na formação o país pode mesmo ser uma importante fonte de oportunidades.

. Angola.
O crescimento económico do país tem atraído ao território angolano empresas e profissionais de todo o mundo. A história e a proximidade linguística colocam os portugueses em vantagem na corrida às oportunidades angolanas, que se estendem por várias áreas uma vez que o país luta com graves carências ao nível da qualificação. Embora as línguas nacionais sejam as línguas maternas da população angolana, o português é a primeira língua da maioria dos angolanos.

. Austrália.
É outro dos clássicos da emigração europeia. Com uma economia forte, um Governo estável e uma qualidade e nível de vida bastante bons, a Austrália é há muito um país convidativo para os europeus. Os irlandeses ou os gregos são os que mais rumam a estas paragens, mas o destino é apetecível para um número cada vez maior de portugueses. A língua oficial é o inglês.

. Bélgica.
A economia do país não é muito estável, mas a Bélgica tem sabido atrair profissionalmente muitos profissionais europeus. O destino é muito procurado pelos gregos que procuram escapar à implosão económica e social do seu país. O holandês, o francês e o alemão são as línguas dominantes, embora no país exista também um número de línguas minoritárias não-oficiais.

. Brasil.
A economia brasileira está em forte crescimento e os salários praticados no Brasil já são mais altos do que em muitos países da Europa e dos Estados Unidos. Pontos que, aliados à proximidade linguística, fazem deste um destino prioritário para muitos portugueses. Só nos primeiros seis meses do ano passado mais de 52 mil portugueses rumaram ao Brasil em busca de oportunidades de trabalho. Ao país falta mão-de- obra em muitas áreas, mas a engenharia é uma área de grandes oportunidades. Anualmente, o país cria mais de 70 mil empregos neste setor. A língua oficial é o português.

. Canadá.
Com uma política de emigração imigração muito aberta, o Canadá oferece oportunidades de emprego e uma segurança que pode ser muito interessante para os desempregados europeus. As duas línguas oficiais do país são o inglês e o francês.

. Chipre.
Tal como a Albânia, o destino surpreende e pode aparentemente parecer estranho para os europeus do sul. Contudo, a sua proximidade com a Grécia e a Itália cada vez atrai mais profissionais. As línguas oficiais são o grego e o turco.

. Israel.
Com uma veia empreendedora notável, Israel é um país recetivo a emigrantes. A sua economia e as oportunidades laborais que gera em várias áreas transformam-no numa oportunidade aliciante. As línguas oficiais são o árabe e o hebreu.

. Suécia.
É o país nórdico com maior número de habitantes. A Suécia exporta automóveis e tem uma economia muito ligada aos produtos metalomecânicos, equipamentos de comunicação e derivados do papel. Tem-se revelado um destino apetecível para muitos emigrantes europeus. O idioma dominante é o sueco.

. Reino Unido.
É um dos destinos mais apetecíveis para os emigrantes europeus o que, ao contrário do que acontece com outros países tem contribuído para o seu crescimento. Há oportunidades em áreas tão distintas como a saúde, o ensino, a comunicação ou as tecnologias. O idioma oficial é o inglês.

. Turquia.
Tal como Israel, a sua proximidade ao sul da Europa transformam a Turquia num território muito apetecível para muitos profissionais em busca de oportunidades fora do seu país de origem. O crescimento da sua economia também é fator de atratividade. A língua oficial é o turco.



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