Marisa Antunes
O turismo vai ser o grande motor de desenvolvimento de Évora, “abrindo uma janela de oportunidades para quem vive na cidade e ali quer permanecer”. Em declarações ao Expresso e integrado na iniciativa, o ‘Mês das Cidades', o presidente da câmara municipal falou das suas preocupações e expectativas para a região, lembrando que apesar da elevada taxa de desemprego que marca negativamente a região, as perspectivas de mudança a curto e médio prazo são positivas.
“A nossa taxa de desemprego é, infelizmente, significativa, e também comum ao resto do país. Segundo os dados de Abril, os mais recentes, existia registo de 2100 desempregados, sendo que 50% se situam na faixa etária entre os 25 e os 54 anos, o que nos preocupa bastante porque é um segmento que está no vigor da sua idade activa. Além disso, neste grupo existem 310 licenciados”, pormenorizou José Ernesto d'Oliveira.
Apesar do actual cenário, o autarca acredita que a aposta renovada no turismo poderá dar novo impulso à economia da região. “Existem grandes projectos em curso que aguardam aprovação a curto prazo”, lembra o responsável, acrescentando que o grande objectivo é ver Évora definitivamente incluída na rota do turismo cultural e patrimonial de relevo.
Depois da inauguração há dois anos do Convento do Espinheiro, a primeira unidade de cinco estrelas do Alentejo, prevê-se a construção de vários empreendimentos hoteleiros de primeira e de campos de golfe. O complexo de Almendres, dos Rufinos ou o campo de golfe do Convento do Espinheiro são apenas alguns dos projectos em curso que irão permitir a criação de um número elevado de postos de trabalho.
Mas o turismo é já uma realidade concreta na região e emprega 11 mil pessoas, um número que deverá duplicar após a concretização dos projectos em avaliação, segundo as estimativas da Agência de Promoção Externa do Alentejo (APEA).
Como realça o presidente da câmara, as actividades turísticas têm motivado a abertura de mais unidades de restauração e de empresas de prestação de serviços de consultoria. Também se espera, com alguma expectativa, pela concretização do projecto da indústria aeronáutica. Recorde-se que o grupo francês GECI pretende criar 1000 postos de trabalho directo numa fábrica de aviões Skylander no Aeródromo de Évora.
Mas se no turismo há dinamismo, o mesmo não se pode dizer no comércio. “O comércio tradicional sente as consequências da forma como a cidade tem crescido extramuros e está em crise. Mas nós queremos um desenvolvimento sustentado para o qual contribui o comércio instalado no centro histórico, que queremos que continue vivo para que toda aquela zona não se transforme apenas num centro-museu”, frisa José Ernesto d'Oliveira.
A solução para inverter esta tendência passa, segundo o presidente da câmara, por criar uma espécie de “centro comercial ao ar livre que seja competitivo e dinâmico”. “Precisamos de mais gente no centro histórico e queremos um comércio de qualidade que valorize o centro histórico”, remata ainda o autarca.
Radiografia da cidade
Localização: Alentejo
Área: 1308.25 km2 (é um dos maiores municípios de Portugal)
Nº de freguesias: 19 freguesias
Nº de habitantes: 56 525 habitantes
Nº de desempregados: 21100 (dados de Abril/IEFP)
Sectores-chave: Évora tem assistido na última década a uma diversificação progressiva da sua base económica com uma significativa tendência para a terciarização a par de um importante crescimento do sector da indústria transformadora. Apesar disso, a agricultura permanece como actividade de relevo, particularmente ao nível dos concelhos limítrofes da sede de distrito, ocupando ainda uma importante faixa da população activa, como se realça a Associação de Municípios do Distrito de Évora.
O melhor amigo do homem
Desengane-se quem imagina um veterinário no meio do Alentejo a tratar só de vacas, cavalos e outros típicos animais de quinta. Na VetÉvora — um exemplo de empreendedorismo dado pelo presidente da autarquia daquilo que se pretende para a região —, todas as atenções recaem em exclusivo nos cães e gatos, que não dispensam as tosquias, penteados e outros tratamentos de beleza.
“Os alentejanos são pessoas muito afáveis com os seus animais de estimação e cuidam muito bem deles”, realça a médica-veterinária de serviço, Joana Egídeo, uma das proprietárias da clínica, juntamente com Vasco e Cláudia Cruz. Quando a clínica veterinária abriu as suas portas, não existia na cidade mais ninguém que se dedicasse em exclusivo a este nicho de mercado, agora em franca expansão. Hoje, apesar da concorrência que entretanto foi surgindo, a facturação vai de vento em popa.
“Ao começarmos, já existiam veterinários em actividade, mas ninguém que se dedicasse somente aos cães e aos gatos, pois davam essencialmente assistência às quintas da região. Até hoje, nunca nos arrependemos da nossa opção e a carteira de clientes tem vindo a crescer, de forma a permitir-nos criar dez postos de trabalho”, conta ainda a responsável.