Ruben Eiras
CERCA de 80% dos trabalhadores que frequentaram
acções de formação nos últimos dois
anos no Centro de Formação dos Trabalhadores de Escritório,
Comércio, Serviços e Novas Tecnologias (Citeforma) fizeram-no
por iniciativa própria.
Somente 20% indicam que a frequência de acções
formativas foi da iniciativa da empresa. Esta foi uma das conclusões
de um estudo recentemente realizado por aquela instituição
junto de 11 mil inquiridos. A taxa de respostas situou-se nos 9,4%. A
maioria dos respondentes exerce funções nas áreas
administrativa, informática e contabilística.
A pesquisa também revela que 70% dos inquiridos suportou o custo
de inscrição nas acções de formação
profissional frequentadas, tendo as restantes 30% ficado a cargo das empresas
ou outras organizações em que desenvolvem a sua actividade
profissional.
O comportamento positivo para com a formação profissional
reside nas expectativas do público inquirido de que a frequência
de um curso de formação contribui para a melhoria das competências
e condições profissionais, um aspecto destacado por 97%
dos inquiridos. Segundo Agostinho Castanheira, director do Citeforma,
esta atitude perante a formação profissional prende-se também
com o facto da maioria dos inquiridos (60%) ser jovem, com idades compreendidas
entre os 20 e os 34 anos.
Em relação às habilitações literárias,
a maioria dos inquiridos são qualificados. Cerca de 51% das pessoas
possuem entre o 11º e o 12º ano e 22,7% são licenciados.
Além disso, cerca de 61% consideram que os conhecimentos aprendidos
tiveram aplicação nos seus postos de trabalho. Contudo,
55% afirmou que "embora com o curso se tenham sentido melhor preparados
para progredir profissionalmente, aquele acabou por não ter grande
impacto nas suas carreiras profissionais".
Agostinho Castanheira refere que esta situação revela que
é necessária uma maior aproximação entre a
aquisição de competências por parte dos trabalhadores
e "a existência de condições nas organizações"
que permitam maximizar os conhecimentos adquiridos pelo colaborador.
Quanto às necessidades de formação emergentes, a
área comportamental e, sobretudo, a área comercial e "marketing"
são as mais procuradas. "Esta última assume-se como
uma competência extensiva a qualquer função, em virtude
das exigências do mercado e da sua disseminação entre
as várias áreas funcionais de uma organização",
sublinha aquele responsável.
O Citeforma também dirigiu um inquérito a pequenas e médias
empresas do sector do comércio e serviços, que representam
um universo de 1933 trabalhadores. Cerca de 77% das empresas inquiridas
revelaram a existência de práticas de formação
nos últimos dois anos, preferencialmente em áreas relacionadas
com a informática (para utilizadores e técnicos) e a contabilidade.
Quando questionados relativamente à iniciativa para a frequência
das acções de formação, 85% referiram que
esta pertenceu à empresa. Em relação à eficácia
da formação profissional nas empresas, 100% dos empresários
inquiridos consideram que se verificou uma melhoria do desempenho dos
trabalhadores após a frequência das acções,
embora se continuem a verificar dificuldades por parte dos trabalhadores
relativamente aos conteúdos das acções que já
frequentaram.
Quanto ao futuro, o inquérito revela que as prioridades dos empresários
centram-se na melhoria da compreensão das necessidades dos clientes
e na autonomia para a resolução de problemas por parte dos
seus empregado