Marisa Antunes
Ferramenta imprescindível para ligar uma pessoa ou uma empresa ao mundo que a rodeia, a Internet continua, ainda assim, a chegar devagar, devagarinho, aos pequenos e médios empresários portugueses. Se no nosso país existem cinco milhões de infoexcluídos, a verdade é que existe já um número significativo de pessoas para quem a Net surge em primeiro lugar quando pretendem procurar informação e contactos sobre determinada organização empresarial. Mas, e muito aquém da média comunitária, as PME nacionais ainda não se renderam totalmente às vantagens das novas tecnologias como forma de dinamizar a sua actividade e, consequentemente, a sua rentabilidade.
Como salienta Pedro Veiga, presidente da Fundação para a Computação Científica Nacional (que gere os domínios .pt), “desde 1991, altura em que passou a existir Net em Portugal, surgiram 220 mil nomes diferentes de domínios, dos quais estão activos ainda 150 mil registos, um valor muito baixo quando comparado com outros países da União Europeia”.
Basta olhar para a Alemanha, com 12 milhões de domínios, ou aqui para o lado, em Espanha, onde estes atingem cerca de um milhão, exemplifica Pedro Veiga, lembrando que apesar de tudo os “pequenos e médios empresários portugueses já se aperceberam que a Net é um complemento imprescindível e que chega às classes económicas mais favorecidas, as que mais gastam em produtos e serviços”.
Nuno Teixeira, empresário informático da empresa OKPC, produz sítios para empresas de vários ramos de negócio. Em comum, todas elas têm a vontade de se darem a conhecer no mercado e aumentarem exponencialmente a sua carteira de clientes. “A Net é um meio de comunicação por excelência. No mundo actual, quando necessitamos de um serviço ou produto do qual não temos qualquer referência, a primeira fonte à qual recorremos dada a rapidez de resposta e o vasto leque de oferta, é a internet. Uma empresa que possua o seu sítio bem divulgado poderá ser uma escolha de um cliente. E como cada vez mais, tempo é dinheiro, a Net ajuda-nos precisamente a poupar tempo”, realça Nuno Teixeira, que concebe sítios a preços que variam entre os 150 euros, os mais simples, até aos 600, para os mais sofisticados que permitem, por exemplo, fazer compras «on-line».
Mas para que o sítio não passe apenas de um mero ‘cartão de visita' é preciso que exista manutenção e actualização do domínio, como lembra Pedro Guinote, sócio da empresa Trace, que também se dedica ao design gráfico. “Os empresários portugueses já perceberam que a Net é um meio quase obrigatório, mas é necessário ir além do lançamento do sítio. Este deve ser mantido e actualizado, pois a criação é apenas o princípio do trabalho e não o fim”, aponta o especialista em consultoria da Trace, que conta ainda com mais dois sócios, José Gregório, designer gráfico e Lourenço Simões, programador.
Na carteira de clientes da Trace encontram-se empresas que actuam em diferentes áreas, com objectivos diferentes. “Temos clientes cuja principal intenção é ter uma espécie de montra dos seus produtos, como as agências de viagens, por exemplo e outros que não têm essa vertente comercial e que pretendem ser apenas uma fonte de informação, como é o caso da Universidade Nova, que faz também parte da nossa carteira de clientes”.
Para Pedro Guinote, os sítios nacionais mais orientados para o comércio continuam a pecar pela inibição em colocar os preços praticados: “Falta arrojo para mostrar os preços, o que obriga o utilizador a contactar a empresa. Nos sítios americanos, o preço é algo que salta à vista”.
“Permitir a aquisição de produtos via «on-line» e evitar deslocações desnecessárias ao cliente e ainda, potenciar a interacção com o utilizador através de «e-mail» para o alertar para novidades ou promoções são, aliás, algumas das principais vantagens das empresas acessíveis pela Net”, reforça Nuno Teixeira, da OKPC.
Mas não só. “Ter um sítio comparativamente com outros meios de divulgação constitui uma forma de fazer publicidade a custos baixos, com a possibilidade de actualização «just in time»”, acrescenta o empresário informático, lembrando que “a empresa passa a estar disponível 24 horas por dia, o que poderá ainda aliviar o seu departamento de Encomendas passando uma parte destas a ser efectuada «on-line»”
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