Depois de um estudo recente da Universidade Nova de Lisboa (UNL), sobre empregabilidade, dar conta de que em Portugal o desemprego cai para um terço quando
se realiza um mestrado e os salários também sobem depois desta qualificação, é a vez da rede Universia e do portal trabalhando.pt demonstrarem que a
licenciatura já não chega para garantir um lugar no mercado laboral.
Segundo os resultados do terceiro inquérito sobre emprego realizado em parceria pela Universia e o portal Trabalhando, 84% dos estudantes estão
interessados em realizar uma pós graduação e 75% acreditam que esta pode ser uma importante ajuda no momento de procurar emprego. Segundo Bernardo Sá
Nogueira, diretor geral do Universia Portugal e do portal trabalhando.pt “o objetivo deste levantamento foi conhecer as impressões dos universitários em
relação à formação e ao mercado de trabalho ao nível da formação contínua”.
Segundo os dados recolhidos, 52% dos estudantes optam pelas páginas oficiais das universidades para obter informação necessária em relação aos cursos a
frequentar e às instituições. Cerca de 43% pesquisam noutros sites da internet e apenas uma minoria de 5% escolhe a sua formação com base na recomendação
de amigos, conhecidos ou familiares.
Quanto ao tempo dedicado ao estudo de um curso pós-graduado, a grande maioria (56%) optaria por dedicar dois anos e 42% não colocaria limites temporais,
permanecendo o tempo necessário para o concluir. De acordo com o relatório, “apesar de existir um leque diversificado de motivos pelos quais se decide
ampliar a formação uma vez terminada a licenciatura, 75% dos inquiridos acredita que ter uma pós-graduação ajuda a conseguir emprego”. Segundo Bernardo Sá
Nogueira “isto demonstra o interesse dos utilizadores em recorrer a este tipo de formação com o propósito de se diferenciarem dos restantes candidatos na
altura de se candidatarem ao mercado laboral”.
O diretor geral do Universia Portugal, salienta a importância do estudo para “compreender qual a relação entre a formação académica e as expectativas dos
estudantes relativamente ao primeiro emprego” e acrescenta que “é igualmente importante compreender quais os critérios utilizados na seleção da formação, e
a crescente importância de disponibilizar os recursos suficientes em termos de informação”.
O estudo foi realizado de forma global pela Universia e pelo portal Trabalhando, junto de mais de sete mil estudantes da Argentina, Brasil, Chile,
Colômbia, Espanha, México, Peru, Portugal, Porto Rico e Uruguai. Em Portugal, entre os inquiridos há uma forte presença feminina (63%), entre os 22 e os 25
anos. Destes inquiridos, 44% optaria por iniciar um curso de pós-graduação quando se sentisse preparado, 2% prefere fazê-lo quando terminar a licenciatura
e 24% admitem preferir deixar passar algum tempo após finalizarem a licenciatura.
Assumindo-se como uma comunidade de trabalho formada por uma vasta rede de associados, entre os quais universidades, institutos, câmaras de comércio,
associações empresariais e municípios, o portal trabalhando tem vindo a consolidar-se como uma referência a nível europeu. Em conjunto com a rede Universia
tem vindo a desenvolver vários estudos que permitem avaliar a relação dos jovens estudantes com a empregabilidade (ver caixa), numa altura em que o
desemprego jovem é já uma das principais preocupações da União Europeia em matéria de emprego.
Desemprego jovem em análise
Num só ano, a taxa de desemprego jovem cresceu em Portugal sete pontos percentuais. O agravamento nacional só foi superado pela Itália e pela Grécia e
segundo os dados da OCDE, “a percentagem de menores de 25 anos sem trabalho passou de 21,3% para 22,5% entre os 27 Estados membros”. Ou seja, mais 1,2
pontos percentuais. Em Portugal, no mesmo período, o crescimento foi sete vezes mais.
Atentos a esta realidade, a rede Universia e o portal Trabalhando, dedicaram também um dos seus estudos à temática do primeiro emprego. E as conclusões não
deixam margem para dúvidas: a par com a qualificação, o networking também abre portas.
Segundo relatório divulgado, o segundo sobre o mercado de trabalho, “58% dos recém-licenciados conseguiu o primeiro emprego através da recomendação de
amigos ou familiares”. Em 25% dos casos esse emprego chegou entre os 21 e os 26 anos e em metade dos casos (50%) não estava relacionado com a sua área de
formação. Apesar dessa ausência de adequação á sua formação base, 62% dos inquiridos consideram que essa foi uma experiência positiva.
Realizado também a nível global, o estudo apresentou dados muito concretos para os jovens portugueses. Na generalidade, os universitários portugueses
conseguem o seu primeiro emprego mais tarde do que os jovens de outros países que chegam ao mercado de trabalho aos 17 anos. Dos inquiridos em Portugal,
78% estão entre o primeiro e o terceiro ano dos seus cursos e 35% estudam e trabalham em simultâneo Um valor inferior à média dos países, onde a
percentagem de trabalhadores estudantes é de 67%.
Já num outro estudo, esta parceria Universia-Trabalhando tinha chegado à conclusão que em Portugal 79% dos estudantes está disposto a estagiar para ganhar
experiência. E desses, 51% admitia mesmo não receber qualquer remuneração durante o estágio.