Cátia Mateus
O nível de novas contratações deverá
crescer até ao final do ano. É no sector farmacêutico
que se prevê maior criação de emprego
AS EMPRESAS portuguesas irão aumentar a contratação
de novos trabalhadores até ao final do corrente ano. O anúncio
é feito pela empresa de "executive search" MRI Worldwide
Corporate e tem por base os últimos dados do Hiring Survey, um
inquérito realizado anualmente pela empresa para aferir as tendências
de contratação no país.
É na indústria farmacêutica que se registará
o maior aumento de novas contratações até ao final
do segundo semestre de 2003.
Com intenções de recrutamento centradas num público-alvo
onde se destacam os quadros médios e superiores, mas também
os técnicos especializados, Portugal poderá beneficiar até
ao final do corrente ano de uma conjuntura favorável a quem está
desempregado nestes segmentos de qualificação.
Cerca de 25,6% das empresas inquiridas no Hiring Survey prevêem
aumentar a sua força de trabalho. Todavia, face à actual
conjuntura económica, no curto prazo, a cautela ainda impera no
mundo empresarial.
A maioria dos inquiridos (58,8%) opta por manter o actual número
de colaboradores e 15,6% acreditam poder vir a sentir necessidade de proceder
a reduções.
Na opinião de Ana Luísa Teixeira, "managing director"
da MRI em Portugal, "
a intenção manifestada por
mais de 25% das companhias abordadas em aumentar o número de colaboradores
é muito encorajadora".
Para a responsável, apesar da possibilidade de reduções
no número de trabalhadores ainda ser significativa, os dados revelam
que "
os gestores portugueses começam a encarar o desenvolvimento
do seu negócio de forma optimista para os restantes meses do ano".
Ana Luísa Teixeira diz acreditar que a recuperação
da economia desencadeará maiores necessidades de recrutamento e
que "
o congelamento nas contratações e ciclos de
contratação longos que marcaram o mercado laboral nos últimos
dois anos darão, provavelmente, lugar a um incremento no recrutamento".
Entre os sectores de actividade onde se esperam mais contratações
estão, segundo o Hiring Survey, o sector farmacêutico (36,4%
das intenções de contratação), a distribuição
(34%) e o tecnológico (31,7%).
O sector dos serviços também deverá conhecer um crescimento
com 29,8% das intenções de contratação de
novos trabalhadores, assim como a construção (25,2%) e o
sector financeiro (25%).
Intenções que para Ana Luísa Teixeira reflectem um
tímido optimismo que começa a surgir nas empresas: "
Algumas
empresas surgirão mais fortalecidas depois deste abrandamento económico
e o seu desejo em aumentar o número de colaboradores é reflexo
desse optimismo".
Outras porém, conclui, "
depois dos difíceis dois
últimos anos, são mais cuidadosas e adoptam a postura do
'esperar para ver'".