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Onde param os talentos portugueses

Onde param os talentos portugueses

Um ranking recente da Institutional Investor colocou as equipas de gestão da PT, Galp, EDP Renováveis e Jerónimo Martins na lista dos melhores gestores da Europa, demonstrando que a liderança nacional tem escala global.

26.09.2013 | Por Cátia Mateus


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Nos quatro cantos do mundo existem talentos portugueses que respondem pela expansão de projetos empresariais de sucesso, em vários setores de atividade. 

Bruno Glória lidera em Moçambique os destinos do The Edge Group. Antes já tinha estado em Angola, como diretor geral do Marina Baia de Luanda. Ana Machado acaba de rumar a Copenhaga, na Dinamarca, para assumir o mais importante cargo europeu de Marketing na equipa do Inter IKEA Centre Group. É a nova diretora de Marketing e vai gerir a estratégia global dos 29 centros comerciais que a marca gere em nove países. Afonso Nascimento experimentou passou por Madrid e Barcelona e está desde 2009 em Londres, no Reino Unido. É o managing diretor da Boston Consulting Group. Rui Alves já correu mundo ao serviço da Johnson & Johnson. Depois de toda uma geografia conquistada, regressou agora a Portugal para liderar os Recursos Humanos da marca na região da Europa, Médio Oriente, África e Ásia Pacífico. São gestores portugueses, reconhecidos internacionalmente pela qualidade dos seus métodos, que personificam a ideia de que as carreiras já não têm nacionalidade.

Na hora de escolher um novo líder para a sua organização, a maioria dos CEO das empresas valorizam a orientação para os resultados, a experiência internacional e as competências comportamentais, como a dedicação e disponibilidade. O mix foi apurado pela consultora de recrutamento Stanton Chase, num inquérito que realizou, e parece coincidir com a perceção dos talentos portugueses que exercem funções de gestão a nível internacional. Terão sido competências como estas que abriram a Rui Alves as portas de uma carreira internacional, ao serviço da Johnson & Johnson. Angola, Estados Unidos, Europa Central, Europa de Leste, Médio Oriente e Ásia, foram algumas das geografias onde já atuou nas várias posições de liderança que foi assumindo dentro da empresa.

Acabado de regressar a Portugal para a nova missão internacional, o gestor diz não ter dúvidas de que “algumas características culturais e inatas dos portugueses ajudam na perceção e valorização dos seus contributos profissionais”. Rui Alves tem dificuldades em definir porque se sentem as multinacionais atraídas pelo recrutamento de gestores portugueses para funções de liderança, mas a sua vasta experiência permite-lhe referir que “a capacidade de trabalho, a flexibilidade e adaptação, associados à facilidade que temos de estabelecer relações interpessoais, são traços que caracterizam os portugueses em contexto internacional”.

Afonso Nascimento consolidou a sua carreira na área da consultoria em contextos internacionais e prefere falar do valor da formação lusa. “Nas nossas universidades temos uma formação técnica muito elevada que acaba por ser um fator determinante para uma carreira internacional”, explica adiantando contudo que “não se deve pensar que uma carreira internacional é uma empreitada sem obstáculos”. Como em todos os desafios há um período de adaptação que, refere, “é necessário superar e ir além dos desafios intrínsecos à profissão”. Para Afonso Nascimento, os gestores portugueses estão claramente formatados para uma carreira global e à procura de boas oportunidades internacionais.

Rui Alves e Bruno Glória, o executivo português que lidera os destinos do The Edge Group em Moçambique, discordam. Para ambos os gestores há ainda algum trabalho a ser realizado para melhorar a capacitação dos portugueses para funções globais. Há bons exemplos, mas para aproveitar em pleno as oportunidades que estão a surgir no mercado internacional, é necessária uma grande dose de estratégia. Ana Machado, a diretora de marketing do Inter IKEA Centre Group partilha desta visão. “Portugal sempre foi um país que exportou know-how e matéria-prima, isso não é novo. Somos um país de descobridores e aventureiros e isso não desapareceu, mas acontece hoje de outras formas, através das empresas e dos seus investimentos”, explica. Sentido de missão e dedicação para desempenhar da melhor forma o cargo que se exerce é para a gestora portuguesa “a melhor maneira de honrar o nome de Portugal”. Ana acredita que os gestores portugueses o têm sabido fazer, mantendo a necessária visão global do negócio e conciliando-a com a necessidade de encontrar soluções de gestão locais adequadas a cada mercado. Ter uma mente aberta à mudança, ser flexível, determinado e orientado para resultados, são para a gestora fatores que ditam o sucesso de um gestor. Tanto mais que a carreira já não conhece nacionalidades.


Rui Alves
42 anos
Diretor de Recursos Humanos da Johnson & Johnson para a região da EMEA e Ásia Pacífico
Países/regiões onde atuou: Angola, Estados Unidos, Europa Central, Europa de Leste, Médio Oriente e Ásia.
Depois de dois anos a liderar os Recursos Humanos (RH) da Ethicon Surgical Care, a organização da Johnson & Johnson Medical Devices, nos EUA, o gestor está de regresso a Portugal para assumir a direção de RH da área de produção (supply chain/ manufacturing) da Johnson&Johnson Medical Devices para as regiões da Europa, Médio Oriente e África e Ásia-Pacífico. O líder não deixa de parte os desafios da carreira global que entretanto consolidou. Licenciado em Sociologia do Trabalho pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e doutorando em Comportamento Organizacional pela mesma instituição, Rui Alves liderará a partir de Portugal a gestão de RH das unidades fabris de cirurgia localizadas na Alemanha, França, Suíça, Holanda, Escócia, Ilhas Maurícias, Índia e China. Um contexto multicultural a que há muito já se habituou. Ao longo da sua carreira Rui Alves já desempenhou funções em múltiplos cenários. A oportunidade de uma carreira internacional surgiu naturalmente e nos últimos 15 anos tem trabalhado fora de Portugal. Vive o conceito de “escala global” diariamente e reconhece a liderança de equipas constituídas por elementos de diferentes culturas que fisicamente não estão perto, como um desafio acrescido.

Afonso Nascimento
40 anos
Managing Director do Boston Consulting Group em Londres
Países/regiões onde atuou:
Espanha (Madrid e Barcelona) e Reino Unido (Londres).
Licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE e com um MBA no MIT Sloan School of Management, Afonso Nascimento é gestor português que dá a cara pelo Boston Consulting Group (BCG), em Londres. O gestor iniciou a carreira como associate na BCG, em Lisboa e serviço da empresa rumou anos mais tarde a Barcelona, naquela que viria a ser a sua primeira experiência internacional, como consultor e gestor de projetos do grupo no país vizinho. Em 2006 testou novas metas de liderança ao integrar a equipa do Banco Espírito Santo, em Madrid, como diretor de Marketing de Produtos e Project Office. Desde 2009 que Londres é a sua casa e que é o rosto da operação do BCG no Reino Unido. Global por natureza, Afonso Nascimento acredita que na gestão não há nacionalidades, mas sim valor. Para o managing diretor do BCG London, “quando se tem uma carreira à escala global não há desafios específicos para uma determinada nacionalidade de líderes. Há desafios relacionados com um mundo cada vez mais global”, reforça.

Ana Machado
38 anos
Diretora de Marketing Europeu da Inter IKEA Center Group
Países/regiões onde atuou:
Espanha, França, Dinamarca.
“Problemas locais têm soluções globais e problemas globais, soluções locais”, é com esta postura que Ana Machado tem conduzido a sua carreira. A gestora portuguesa acaba de ser nomeada para ocupar o mais importante cargo europeu de Marketing do Inter IKEA Centre Group (IICG), o ramo do Grupo IKEA especializado no desenvolvimento e gestão de centros comerciais. Sediado em Copenhaga, na Dinamarca, o IICG gere atualmente 29 centros comerciais próprios, distribuídos por 10 países: Alemanha, França, Itália, Espanha, República Checa, Polónia, Eslováquia, Suíça, Portugal e China. Um desafio global que não é, contudo, o primeiro de Ana Machado. A gestora portuguesa que agora liderará a estratégia de marketing da marca em nove países, foi já chamada a atuar nos mercados de Espanha e França. O seu desafio atual é gerir uma multiplicidade de países, respeitando as raízes de cada um. Como qualquer lide global.

Bruno Glória
37 anos
Country Manager do The Edge Group Moçambique
países/regiões onde atuou:
Angola (Luanda), Moçambique
A aposta do The Edge Group, a holding de investimentos focada no desenvolvimento de projetos imobiliários, no mercado moçambicano onde está a iniciar atividade levou a empresa a nomear recentemente Bruno Glória como country manager para aquele país. A experiência do gestor nos mercados imobiliário, agrícola e de energias conduziram à nomeação, uma vez o grupo está concentrado em analisar oportunidades de negócio nestas áreas para a entrada em Moçambique. O gestor português é licenciado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa e já antes tinha desempenhado funções internacionais, como diretor geral do Marina Baia, em Luanda (Angola). Bruno Glória não esconde que a sua orientação e formatação académicas são globais e admite que a sua grande ambição profissional é “liderar um projeto que sirva de referência a nível global”. Para triunfar em mercados externos, o gestor diz que é necessária “uma rápida capacidade de adaptação à realidade” e “ter espírito aberto para novas experiências”.



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