Manuel Posser de Andrade
O Concelho de Oeiras vai acolher um programa de formação
profissional que utiliza "e-learning" para os "info-excluídos"
A PARTIR de Setembro o Concelho de Oeiras irá acolher um projecto
de formação à distância que promove novas
estratégias de aprendizagem junto de populações
desfavorecidas e sem qualificações profissionais.
Trata-se do F@DO, um projecto-piloto que visa implementar modelos flexíveis
de formação à distância com recurso às
TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação),
nomeadamente ao "e-Learning", adaptado a públicos que,
por um lado, não estão habituados a acções
de formação e, por outro, o seu contacto com novas tecnologias
é quase nulo.
O projecto consiste na selecção de 30 pessoas entre os
20 e os 40 anos, sem sucesso escolar e nenhuma adesão a modelos
tradicionais de formação profissional, sendo a grande
maioria desempregados ou com empregos precários.
"Em circunstâncias normais é difícil a integração
profissional de pessoas com este perfil, pelo que o F@DO constitui uma
nova oportunidade", refere Margarida Segard, directora da Divisão
de Formação do ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade),
uma das entidades responsáveis pelo projecto.
Através de um modelo misto de sessões presenciais e do
uso de tecnologias de informação, surge agora a oportunidade
destas pessoas ganharem competências em dois cursos profissionais:
mecânico de aparelho de gás e técnico de logística
na área de gestão de armazéns.
Os formandos recebem primeiramente treino no uso da internet e novas
tecnologias e posteriormente são inseridos numa rede local de
centros de aprendizagem no Concelho de Oeiras, de acordo com a proximidade
da sua residência, equipados com computadores com ligação
à internet para completar a formação à distância.
Ajuda Internacional - Cidadãos sem Fronteiras, Assomada, Associação
de Solidariedade Social, Escola Secundária Luís de Freitas
Branco, Escola EB 1,2,3 Sophia de Mello Breyner e Espaço da Comunidade
Cabo-verdiana de Oeiras foram os centros escolhidos que contam também
com o apoio de formadores.
"A ideia é criar competências profissionais em
indivíduos praticamente info-excluídos, motivando a sua
aprendizagem em ambientes que lhe sejam familiares como os centros de
apoio e, ao mesmo tempo, melhorar o seu nível de manuseamento
das TIC, garantindo o seu acesso à sociedade de informação
e ao mercado de emprego, a inclusão social e a melhoria da qualidade
de vida", comenta Margarida Segard.
Os cursos têm uma duração de 3 meses e a internet
assume um papel central na formação: "Instituto Virtual"
é o nome da ferramenta de "e-learning" que permite
simulações reais relacionadas com os cursos, possibilita
elaborar trabalhos de grupo à distância.
"O curso está estruturado por competências-chave,
de acordo com as necessidades empresariais, garantindo a sua adequação
ao mercado. Desta forma a componente prática é mais apurada
e os conteúdos teóricos e científicos - menos estimulantes
à aprendizagem - são deixados de fora", comenta.