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O trunfo de Scolari

O livro do prof. Gretz foi popularizado por Scolari durante o Mundial de futebol e tornou-se um sucesso de vendas em Portugal. O especialista comportamental passou por cá esta semana para falar de motivação.
16.02.2007


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Marisa Antunes
No Brasil todos o conhecem, mas no nosso país foi Luiz Felipe Scolari quem fez as honras de apresentação ao partilhar com os portugueses, durante a euforia do Mundial de 2006, que o seu livro — ‘Voando como a Águia' — era uma fonte de motivação e preparação para os jogos. O professor Gretz, prestigiado especialista motivacional, passou por Portugal, trazido pela Izi Palestras para promover o seu livro.

Nesta obra, ‘Voando como a Águia' fala de como se consegue alcançar o sucesso pessoal ou profissional. Pode resumir a ideia-base?
O que eu falo no meu livro é que a águia (denominada águia marinha de cabeça-branca), quando mergulha para apanhar o peixe precisa de assumir 20 atitudes: meta, estratégia, visão de longo alcance, foco, planeamento, preparação, concentração, paciência, sentido de oportunidade, agilidade, velocidade, preparo físico, força, confiança, determinação, factor surpresa, ousadia, decisão, segurança e responsabilidade. Estas 20 atitudes é que fazem a diferença em qualquer situação, seja na empresa, na vida particular ou na vida desportiva.

O treinador Scolari, por exemplo, utilizou o livro para passar a motivação aos seus jogadores. Vocês já se conheciam?
Nós fomos colegas de palestras no Brasil. Ele fazendo as palestras dele e eu fazendo as minhas. Até que um dia de Janeiro de 2006, no meio da conversa falei-lhe no meu livro novo e deixei um exemplar com ele. Algum tempo depois, quando começou o Mundial, os jornais de todo o mundo começaram a dizer que ele tinha adoptado o livro para os jogos da Selecção.

Voltando ao livro, o professor salienta a importância do «marketing» pessoal para a vida das pessoas. Como deve funcionar para influenciar positivamente a carreira profissional?
O «marketing» pessoal tanto pode influenciar positivamente como negativamente, porque hoje as pessoas são avaliadas sobre todos os aspectos: pelo seu traje, pelo perfume e principalmente por aquilo que você fala se é politicamente correcto ou não. A pessoa precisa valorizar-se, mostrar aos outros, o seu potencial. Hoje em dia, a humildade em demasia acaba por prejudicar. O famoso «network», ter contactos, saber que alguém sabe que você existe, mesmo estando empregado, numa boa posição, deve-se seguir mantendo esta rede de contactos. Mas o «marketing» pessoal mais importante e que é aquele que eu pratico é colocar amor naquilo que se faz. Que as pessoas percebam que você deu o seu melhor. Esse é o melhor «marketing» pessoal de todos.

Em Portugal, cada vez funciona mais a rede de contactos, para subir na carreira. Quem não tem esse apoio, como deve gerir a situação?
Infelizmente há muitas pessoas que têm um potencial muito bom e no entanto não conseguem transformá-lo em sucesso. Eu também vejo muito isso no Brasil. Um profissional que faz um curso, faz um doutorado, uma pós-graduação e não consegue atingir uma posição e remuneração compatível. E uma pessoa com uma capacidade menor, com um potencial menor consegue ir mais além. Mas às vezes, independentemente da falta de oportunidades, há características que são muito importantes para um profissional e que vão além da sua formação académica: o entusiasmo, humor, paciência, determinação. Eu prefiro trabalhar com alguém que tem estas características e que tenha apenas o bacharelato do que trabalhar com outros, doutorados, mas sem estas características. É preciso desenvolver o lado comportamental. A atitude é que faz a diferença.

O que diz às pessoas que procuram a sua ajuda para combater a desmotivação no trabalho?
O que eu digo às pessoas é que é fundamental que haja entusiasmo. Devem cultivar o bom humor. Assim, elas tendem a ser mais criativas, menos rígidas e mais dispostas a considerar novas ideias e métodos. Mas também há outro ponto fundamental que é a actuação do líder. As pessoas sentem-se gratificadas quando têm um líder que sabe motivar e que tem energia e entusiasmo para mobilizar os seus subordinados. É um ambiente de trabalho onde aqueles que lideram fazem as pessoas sentirem-se úteis. E aí elas sentem-se felizes e realizadas quando têm a oportunidade de dar o melhor de si.





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