Vítor S. Andrade
vandrade@mail.expresso.pt
EM VIAGEM pela região demarcada do Douro, durante o passado
fim-de-semana, tomei conhecimento de uma situação algo insólita,
ou mesmo rara nos dias que correm. Um produtor de vinho tinha sido confrontado
com oferta de mão-de-obra para a exercer qualquer tipo de trabalho
que a vinha exigisse.
O que tem acontecido, nos últimos anos, é precisamente o
contrário. Ou seja, são os produtores que se vêem
aflitos para conseguir pessoal para trabalhar. Parece, portanto, que chegámos
a uma situação em que a força das circunstâncias
- induzidas por falências de empresas industriais - está
a confrontar alguma mão-de-obra indiferenciada com um difícil
dilema, especialmente nas zonas rurais: ou essas pessoas se deixam levar
pelo desânimo do desemprego, vivendo do subsídio estatal;
ou se enchem de coragem e voltam ao trabalho - mas àquele que houver.
Neste caso, o regresso à agricultura.