João Barreiros
jpbarreiros@hotmail.com
NO INÍCIO prometeram-lhe mundos e fundos: trabalho
garantido, bem remunerado, boas oportunidades de progressão na
carreira. Pelo menos foi essa a ideia com que ficou pela leitura das informações
gerais sobre o curso em que se iria inscrever.
Foi bom aluno, notas acima da média, nunca chumbou. Mas agora,
dois anos depois, está sem emprego. O problema, dizem-lhe várias
empresas, é o excesso de qualificações.
As mesmas empresas torcem o nariz quando responde que aceita um ordenado
baixo, porque não vale a pena apostar em alguém que partirá
seguramente, mais tarde ou mais cedo.
Leu algures que Portugal tem falta de trabalhadores qualificados, sendo
até dos países europeus em que o problema é mais
sério.
E então? Como é possível continuar no desemprego?
Talvez a conjuntura tenha mudado, talvez o seu curso não tenha
sido, afinal, uma boa opção.
Numa altura em que milhares de jovens se candidatam aos lugares vagos
no ensino superior, não é demais lembrar a necessidade de
ponderar esta escolha.
Em vários sectores da economia portuguesa, o mercado de trabalho
está completamente cheio, e não se avizinham mudanças
substanciais nos próximos anos.
Mesmo assim, ainda há bastantes nichos em que há falta de
valores - mesmo que estes estejam ainda numa fase de construção
de carreira. Pede-se competência, dedicação e, em
muitos casos, paciência.