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O negócio que veio do Espaço

A inovação 'made in' Portugal mostra o seu valor na Agência Espacial Europeia
06.10.2006


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Cátia Mateus A avaliação e validação do «software» utilizado nas missões da Agência Espacial Europeia (ESA) é feita por dois portugueses que trocaram o seu país de origem pela Alemanha, para ficarem mais perto do Espaço. O Centro de Operações da ESA, em Darmstadt, é a sede das ORISTEBA, uma empresa lusa liderada por dois jovens engenheiros informáticos: Ricardo Marvão e Nuno Sebastião. A aventura empresarial começou em 2004, com escassos cinco mil euros de investimento inicial. Hoje, os empresários de 28 anos são um exemplo de sucesso além-fronteiras, com alma lusa.


O programa de estágios Contacto, do ICEP, viabilizou a primeira experiência de Ricardo Marvão e Nuno Sebastião na ESA. Foi, precisamente durante o estágio de Ricardo no Centro de Operações da ESA que a ORISTEBA foi criada. Pensada para actuar junto dos mercados aeroespacial, aeronáutico e de telecomunicações, a empresa centra a sua actividade na “avaliação e verificação especializada e independente — realizada por pessoal não envolvido no desenvolvimento — de projectos e produtos vocacionados para estes mercados”, explica Ricardo Marvão.

A empresa — que faz a validação do «software» para o Centro de Operações da ESA — actua tanto ao nível das infra-estruturas (desde estações de terra a missões no Espaço), mas também no segmento dos Simuladores e Sistemas de Controlo das Missões de Observação da Terra (como o Cryosat, Goce, Aeolus, Swarm, Sentinel-1) ou nas missões científicas (Herschel e Planck).

Para os empreendedores, a empresa surgiu como um nicho de mercado a que não podiam ficar alheios. Tratou-se de aproveitar de forma estruturada uma oportunidade “caída dos céus”. “O sector das Actividades Espaciais encontra-se numa situação extremamente favorável, considerando-se quase como um mercado-refúgio pelas oportunidades que se têm vindo a potenciar neste negócio do Espaço na Europa”, explica Nuno Sebastião.

Mas, segundo Ricardo Marvão, apesar desta avaliação e validação ser necessária “no desenvolvimento de todos os projectos de natureza julgada crítica, ou seja, aqueles que podem resultar na perda de vida, de missão, ou perda social e financeira significativa”, a criação da empresa não se fez sem entraves.

Os dois empreendedores, que se conheceram já na ESA, investiram no projecto apenas cinco mil euros, totalmente financiados por capitais próprios. O difícil foi convencer a agência espacial. “A estrutura da ESA era complexa e foi necessário perceber a melhor forma de abordagem para que pudéssemos conseguir os primeiros contratos”, explicam.

O projecto português foi apresentado ao embaixador António Monteiro, (representante de Portugal, na ESA, em Paris) e à própria agência, com resultados favoráveis à dupla portuguesa. Para Ricardo e Nuno, esta batalha foi ganha com persistência e motivação. “Em todos os momentos acreditámos no nosso projecto, sabendo que estávamos a desenvolver algo ousado e de elevado potencial para Portugal”, argumentam. Depois, foi também importante o conhecimento da orgânica e da metodologia interna da agência espacial.

A empresa está actualmente em franco crescimento, a abordar novas áreas e a desenvolver projectos de investigação em parceria com universidades, nomeadamente a de Coimbra. A ORISTEBA emprega actualmente seis pessoas e assegura um estágio. Os empreendedores garantem que a diversificação da actividade para os outros sectores e a entrada de novos parceiros para o negócio são hipóteses a considerar.

Entre os projectos futuros da dupla nacional figuram “o desenvolvimento contínuo de projectos de investigação, a aposta em novos mercados como a aeronáutica, a entrada noutros centros da ESA e o crescimento em número de empregados”. Metas de quem vive centrado no Espaço, mas nem por isso com os pés na Lua.

BI Empresarial

Nome: ORISTEBA - Serviços Aeroespaciais
Fundadores: Ricardo Marvão e Nuno Sebastião
Data da criação: Novembro de 2004
Sede: Centro de Operações da Agência Espacial Europeia, em Darmstad, Alemanha
Área de actividade: Avaliação e verificação especializada e independente de projectos e produtos vocacionados para o mercado aeroespacial e das telecomunicações
Investimento inicial: 5000 euros
Empregos criados: seis efectivos e um estágio
Público-alvo: mercado aeroespacial, aeronáutico e de telecomunicações Estratégia de gestão: permanente contacto entre os sócios e gestão de prioridades face aos contratos pretendidos
Lema: "A empresa existe para atingir um fim e não para criar um problema"
Dicas: Focar sempre na meta inicialmente definida, não ter receio dos obstáculos, nunca ter medo de pedir ajuda.





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