A dinâmica do mercado de trabalho nacional deverá abrandar entre outubro e dezembro deste ano, mas não no Norte do país onde as intenções de contratação dos empregadores permitem antecipar uma criação líquida de emprego na ordem dos 5%. O ManpowerGroup divulgou esta semana os dados do seu inquérito trimestral às intenções de contratação das empresas que aponta para uma criação líquida de emprego de 3%, em Portugal. O número representa um decréscimo de 9% face ao trimestre anterior e espelha, segundo a multinacional de recrutamento, a sazonalidade da economia nacional que elevou as contratações durante os meses de verão.
Moderação é a palavra que se impõe no mercado de trabalho nacional para os últimos três meses do ano. Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey revelam que 9% dos 625 empregadores nacionais inquiridos no estudo têm previstas novas contratações até ao final do ano, 6% antecipam cortes de pessoal e 82% não deverão proceder a quaisquer alterações na sua estrutura de colaboradores.
Uma análise setorial revela que em seis dos nove sectores de atividade analisados no âmbito deste estudo, os empregadores antecipam uma subida no volume de contratações entre outubro e dezembro. Finanças, Seguros, Imobiliário e Serviços e o sector do Comércio Grossista e Retalhista figuram entre os que antecipam perspetivas de contratação mais favoráveis, “ambos com uma projeção para criação líquida de emprego de 9%”. São igualmente positivas as perspetivas de contratação nos sectores da Indústria (+5%) e no sector Público e de Transportes, Logística e Comunicação (+4%). Já o sector da Restauração e Hotelaria projeta um decréscimo das contratações na ordem dos 4%.
Quando comparadas com o trimestre anterior, as perspetivas de contratação decrescem em oito dos nove sectores sectores de atividade. O caso mais flagrante é do sector da Restauração e Hotelaria, que regista um decréscimo de 33% das intenções de contratação para o quarto trimestre do ano, face às registadas para os meses de julho a setembro. Noutros sectores, como o das Finanças, Seguros, Imobiliário e Serviços, o dos Transportes Logística e Comunicações ou o do Comércio Grossista e Retalhista, as quebras nas prspetivas de contratação são menores mas, ainda assim expressivas, com reduções de 14, 10 e seis pontos percentuais, respetivamente. A Indústria mantém estáveis as suas perspetivas de contratação em ambos os trimestres.
Recrutamentos certeiros
Nuno Gameiro, diretor-geral do ManpowerGroup Portugal, fala de um foco cada vez maior das empresas no talento referindo que “as organizações procuram contratar apenas talentos com as competências certas e capazes de acrescentar valor sob a forma de produtividade”. O líder da operação nacional da empresa de recrutamento reconhece que num cenário como o atual, “em que a contração da taxa de desemprego está a contribuir para que as intenções de contratação diminuam”, o grande desafio para o sector dos recursos humanos é conseguir identificar as competências-chave, capazes de fazer a diferença nos resultados das organizações, mapear o talento disponível e garantir o sucesso dos processos de recrutamento.
A nível nacional, e além da região Norte do país regista as previsões de contratação e criação líquida de emprego mais otimistas (5%), a região Centro (4%) e o Sul do país (1%) apresentam também perspetivas favoráveis. Contudo, em comparação com o terceiro trimestre de 2017, as previsões de contratação nestas três regiões em conjunto sofrem uma redução. O caso mais crítico é o da região Sul onde a quebra ronda os 20%.
O ManpowerGroup Employment Outlook Survey analisa as perspetivas de criação de emprego em empresas de nove sectores de atividade - Agricultura, Floresta e Pescas; Construção; Fornecimento de Eletricidade, Gás e Água; Finanças, Seguros, Imobiliário e Serviços; Indústria, Sector Público; Restauração e Hotelaria; Transportes, Logística e Comunicações e Comércio Grossista e Retalhista - de 43 geografias distintas. Em Portugal foram inquiridos 625 empregadores, num total de 59 mil empregadores (dos sectores público e privado), inquiridos a nível global pela multinacional no âmbito deste inquérito.
Em 42 dos 43 países que participaram no inquérito, as perspetivas de contratação deverão prosseguir em terreno positivo no último trimestre do ano, com exceção dos empregadores suíços que não preveem alterações na criação líquida de emprego. “Pela primeira vez, desde o segundo trimestre de 2008 e após a recessão global que vivemos, não são reportadas projeções negativas em nenhum dos 43 países incluídos no estudo”, realça Nuno Gameiro acrescentando que as projeções melhoraram em 23 dos 43 países analisados. Japão (+23%), Taiwan (+22%), Costa Rica (+19%) e Índia (+19%), lideram nas perspetivas de contratação para o último trimestre do ano.