Cátia Mateus
        
         DAVID Monteiro tem 25 anos e acaba de se lançar 
        no mundo empresarial. Há cerca de um mês criou a "Art 
        Manies Events & Apparats", uma empresa especializada na decoração 
        floral para eventos que oferece também aos seus clientes um serviço 
        de cabazes alimentares, com produtos tradicionais portugueses, para pequenos-almoços 
        ou ofertas. Até aqui nada de mais, não fosse David Monteiro 
        um luso-descendente e não estivesse esta empresa sediada em Paris. 
        Na realidade, este empreendedor é membro fundador do "Atlântico-Clube 
        dos Empresários Portugueses em França", uma estrutura 
        recém-criada que promete dinamizar a iniciativa empresarial entre 
        a comunidade portuguesa em França.
      
    
    
      
      
    
  
  
  
  
     
       
        
          Utilizar a tradição, a cultura e as raízes portuguesas 
          para fazer negócios é o ponto de partida do Clube Atlântico. 
          O projecto surgiu por iniciativa de vários jovens empresários 
          luso-descendentes residentes em França e tem por inspiração 
          o modelo seguido em Portugal pela Associação Nacional 
          de Jovens Empresários (ANJE), que "apadrinha" a iniciativa. 
          
          
          A ideia é reunir várias pessoas de origem portuguesa residentes 
          em França, com posições influentes em empresas 
          dos mais variados ramos, sejam pequenas e médias empresas ou 
          grandes estruturas empresariais. 
          
          Com esta união, os fundadores do Clube Atlântico esperam 
          conseguir uma partilha de experiências potenciadora da capacidade 
          de iniciativa empresarial, através da criação de 
          uma rede de contactos e negócios entre os seus membros.
          
          Neste projecto juntam-se a David Monteiro outros jovem empresários 
          e quadros superiores de origem portuguesa como Luís Cavaco, responsável 
          pela agência de comunicação L'Autreagence, Jorge 
          Loureiro e Paulo Carvalho, responsáveis pelo site www.portugalvivo.com, 
          Philippe Conde da Imprimerie Moderne de Gennevières, Patrice 
          Mendes, da Lusoconseil e da Mutuelle Lusitânica ou Carlos Pereira, 
          da Marconi France Télécommunications. 
          
          Segundo David Monteiro, "a meta é promover o potencial 
          dos empresários portugueses em França que tem estado perdido, 
          porque são muito discretos".
          
          Entre os grandes problemas que a comunidade portuguesa residente em 
          França enfrenta em matéria de iniciativa empresarial o 
          responsável destaca as dificuldades de divulgação 
          e marketing. 
          
          Uma dificuldade que o Clube Atlântico poderá ajudar a colmatar 
          através da rede de contactos. Ainda assim, esta não é 
          a única valência do projecto. O Clube Atlântico, 
          refere David Monteiro, "deverá ajudar a melhorar a imagem 
          do país e dos empresários portugueses em França". 
          
          
          Promoção da troca de saberes, desenvolvimento e promoção 
          das relações comerciais e defesa dos interesses dos membros 
          da organização junto das instâncias portuguesas, 
          francesas e europeias são as grandes mais-valias do projecto.
          
          Luso-descendentes incentivados a investir no estrangeiro
          
          Para Rui Delgado, vice-presidente da Associação Nacional 
          de Jovens Empresários (ANJE), parceira da iniciativa, o Clube 
          Atlântico representará um importante papel no fomento à 
          iniciativa empresarial portuguesa em território francês. 
          
          
          O responsável da associação deu a conhecer a intenção 
          de "estender um tentáculo às comunidades portuguesas" 
          e anunciou a criação em Paris do seu primeiro núcleo 
          empresarial com o objectivo de apoiar a iniciativa empresarial além 
          fronteiras, ainda que sem definir datas.
          
          A estrutura a criar insere-se numa política associativa que visa 
          a aposta na internacionalização da "marca Portugal" 
          através da criação de redes de parceiros. Rui Delgado 
          explica que "a ideia é colocar os empresários 
          portugueses a fazer negócios entre si, a partilhar informação 
          e facilitar a internacionalização de outros empresários 
          nos países onde actuam". 
          
          Neste campo a ANJE desenvolve já o programa Lusopartner (www.lusoparner.com) 
          - sustentado por uma plataforma Web focada para a partilha de informação 
          entre a comunidade empresarial lusa espalhada pelo mundo - e acaba de 
          traçar também a sua incursão por terras espanholas 
          com a criação do Fórum Luso-Espanhol. 
          
          O forúm intitulado "Economia e Empresa" resulta da 
          parceria da ANJE com a Confederación Espanola de Asociaciones 
          de Jóvenes Empresrios (CEAJE) e a Fundação Luso-Espanhola 
          (FLE). 
          
          O objectivo da iniciativa é "dar resposta aos muitos 
          desafios emergentes colocados às empresas de ambos países 
          e lançar um novo paradigma das relações ibéricas". 
          As entiddaes estão a negociar um fundo de capital de risco e 
          para Rui Delgado, esta parceria permitirá apresentar aos jovens 
          portugueses um plano de actividades consistente, com dimensão 
          ibérica. 
          
          Aquele responsável diz que importa desmistificar a ideia que 
          paira entre os portugueses de que é difícil entrar no 
          mercado espanhol. Até porque, como refere, "Espanha não 
          é um mercado, mas sim um cabaz de mercados".