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Negócios com sabor a fado

16.04.2004


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Cátia Mateus

DAVID Monteiro tem 25 anos e acaba de se lançar no mundo empresarial. Há cerca de um mês criou a "Art Manies Events & Apparats", uma empresa especializada na decoração floral para eventos que oferece também aos seus clientes um serviço de cabazes alimentares, com produtos tradicionais portugueses, para pequenos-almoços ou ofertas. Até aqui nada de mais, não fosse David Monteiro um luso-descendente e não estivesse esta empresa sediada em Paris. Na realidade, este empreendedor é membro fundador do "Atlântico-Clube dos Empresários Portugueses em França", uma estrutura recém-criada que promete dinamizar a iniciativa empresarial entre a comunidade portuguesa em França.


Utilizar a tradição, a cultura e as raízes portuguesas para fazer negócios é o ponto de partida do Clube Atlântico. O projecto surgiu por iniciativa de vários jovens empresários luso-descendentes residentes em França e tem por inspiração o modelo seguido em Portugal pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), que "apadrinha" a iniciativa.

A ideia é reunir várias pessoas de origem portuguesa residentes em França, com posições influentes em empresas dos mais variados ramos, sejam pequenas e médias empresas ou grandes estruturas empresariais.

Com esta união, os fundadores do Clube Atlântico esperam conseguir uma partilha de experiências potenciadora da capacidade de iniciativa empresarial, através da criação de uma rede de contactos e negócios entre os seus membros.

Neste projecto juntam-se a David Monteiro outros jovem empresários e quadros superiores de origem portuguesa como Luís Cavaco, responsável pela agência de comunicação L'Autreagence, Jorge Loureiro e Paulo Carvalho, responsáveis pelo site www.portugalvivo.com, Philippe Conde da Imprimerie Moderne de Gennevières, Patrice Mendes, da Lusoconseil e da Mutuelle Lusitânica ou Carlos Pereira, da Marconi France Télécommunications.

Segundo David Monteiro, "a meta é promover o potencial dos empresários portugueses em França que tem estado perdido, porque são muito discretos".

Entre os grandes problemas que a comunidade portuguesa residente em França enfrenta em matéria de iniciativa empresarial o responsável destaca as dificuldades de divulgação e marketing.

Uma dificuldade que o Clube Atlântico poderá ajudar a colmatar através da rede de contactos. Ainda assim, esta não é a única valência do projecto. O Clube Atlântico, refere David Monteiro, "deverá ajudar a melhorar a imagem do país e dos empresários portugueses em França".

Promoção da troca de saberes, desenvolvimento e promoção das relações comerciais e defesa dos interesses dos membros da organização junto das instâncias portuguesas, francesas e europeias são as grandes mais-valias do projecto.

Luso-descendentes incentivados a investir no estrangeiro

Para Rui Delgado, vice-presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), parceira da iniciativa, o Clube Atlântico representará um importante papel no fomento à iniciativa empresarial portuguesa em território francês.

O responsável da associação deu a conhecer a intenção de "estender um tentáculo às comunidades portuguesas" e anunciou a criação em Paris do seu primeiro núcleo empresarial com o objectivo de apoiar a iniciativa empresarial além fronteiras, ainda que sem definir datas.

A estrutura a criar insere-se numa política associativa que visa a aposta na internacionalização da "marca Portugal" através da criação de redes de parceiros. Rui Delgado explica que "a ideia é colocar os empresários portugueses a fazer negócios entre si, a partilhar informação e facilitar a internacionalização de outros empresários nos países onde actuam".

Neste campo a ANJE desenvolve já o programa Lusopartner (www.lusoparner.com) - sustentado por uma plataforma Web focada para a partilha de informação entre a comunidade empresarial lusa espalhada pelo mundo - e acaba de traçar também a sua incursão por terras espanholas com a criação do Fórum Luso-Espanhol.

O forúm intitulado "Economia e Empresa" resulta da parceria da ANJE com a Confederación Espanola de Asociaciones de Jóvenes Empresrios (CEAJE) e a Fundação Luso-Espanhola (FLE).

O objectivo da iniciativa é "dar resposta aos muitos desafios emergentes colocados às empresas de ambos países e lançar um novo paradigma das relações ibéricas". As entiddaes estão a negociar um fundo de capital de risco e para Rui Delgado, esta parceria permitirá apresentar aos jovens portugueses um plano de actividades consistente, com dimensão ibérica.

Aquele responsável diz que importa desmistificar a ideia que paira entre os portugueses de que é difícil entrar no mercado espanhol. Até porque, como refere, "Espanha não é um mercado, mas sim um cabaz de mercados".





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