Cátia Mateus e Maribela Freitas
A área da restauração tem vindo a
ganhar cada vez mais adeptos entre os que vêem no 'franchisng' uma
forma de fazer negócio. Mas, além deste sector, outros há
igualmente 'apetitosos'
UM VOLUME de negócios na ordem dos três milhões
de euros e a criação de qualquer coisa como quatro mil
novos postos de trabalho, só em 2002, são o melhor cartão
de visita do "franchising" em Portugal.
Um saldo bastante positivo para o qual terá contribuído
a crescente adesão a esta modalidade de negócio.
Na realidade, para quem quer enveredar pela via do empresariado, o "franchising"
poderá ser uma boa porta de entrada.
O empresário não está sozinho no projecto, tem
toda uma equipa que o suporta, com quem partilha experiências,
dificuldades, mas também vitórias.
Uma hipótese a considerar é pois trazer para Portugal
uma marca internacional em regime de "franchising". As oportunidades
são diversas, em quase todos os ramos de actividade. O difícil
é mesmo escolher o negócio à sua medida.
A maioria dos "franchisings" existentes em Portugal são
conceitos importados do estrangeiro. Ideias que vingaram lá fora
e que cá ganharam um aliado de peso.
É que, apesar de existirem sempre ideias novas, actualmente há
muitas que já foram pensadas e desenvolvidas por algum empreendedor
no mundo e que poderão ser uma boa aposta para quem quer investir
neste tipo de empresa.
E se, no mundo do "franchising", como em todos os negócios,
é necessário sentido de oportunidade e visão para
seleccionar a área de aposta (ver caixa "Dicas para uma
boa escolha"), o rigor na condução de todo o processo
não é menos importante. Embora, na opinião de Eduardo
Miranda, presidente do Instituto de Informação em Franchising
(IIF), "a actual conjuntura exija alguma cautela, nomeadamente
ao nível financeiro, esta é uma altura de oportunidades
para quem procura investir no 'franchising'".
João Papa, presidente do conselho de administração
da Associação Portuguesa de Franchise (APF), acrescenta
mesmo que "o panorama económico que atravessamos é
até certo ponto positivo, na medida em que o aumento do desemprego
(nomeadamente ao nível de quadros médios e superiores)
veio potenciar o interesse por este modelo de negócio, como forma
de aplicação de algum capital resultante de indemnizações
que normalmente acompanham estas saídas".
Embora o investimento no "franchising" possa fazer-se "dentro
de portas", para Eduardo Miranda, "existem algumas
vantagens em trazer para Portugal um conceito desenvolvido fora do país".
Na realidade, ao optar por esta solução, o empreendedor
poupará esforços no processo de construção
do negócio e conta já com a credibilidade da marca.
Desenvolver um novo conceito demora tempo e exige muitos recursos, não
só na fase de concepção como também no que
respeita aos aspectos legais e burocráticos associados a todo
o processo.
Além disso, há que contar também com o trabalho
e o custo que representa dar dimensão e notoriedade no mercado
a uma marca. Portanto, e ao apostar numa marca internacional, este trabalho
já está realizado.
Ainda ao nível das vantagens encontradas em investir num "franchising"
nascido e criado "fora de portas", está a experiência.
É que, em todo este processo, conta-se também com o trabalho
já realizado pela empresa estrangeira em regime de "franchising".
Uma conjuntura que poderá evitar uma série de dificuldades
ao futuro empreendedor. Ao importar um conceito já testado, as
regras estão fixas, são claras e existe já um quadro
organizacional e de relacionamento estável.
Para o responsável pelo IIF, "são óbvias
as vantagens de adquirir um projecto já testado noutros países".
Quando se importa um conceito, está-se a trazer igualmente a
marca e, desta forma, o "master" beneficia de um trabalho
já feito no âmbito da divulgação e promoção.
Além disso, a marca pode ser já conhecida dos portugueses,
apesar de ainda não estar cá representada. No entanto,
há que ter em atenção que é sempre necessário
avaliar a possibilidade de sucesso do negócio em território
nacional.
Existem várias áreas de negócio com fortes possibilidades
de sucesso se aplicadas em Portugal. E embora confesse acreditar mais
num conceito inovador do que num sector de actividade de sucesso, Eduardo
Miranda lança algumas ideias que poderiam ter boa aceitação
no mercado nacional.
Serviços (domésticos, de reparação de anomalias)
ou até em áreas mais tradicionais, como a limpeza de escritórios,
são para o responsável negócios com futuro, se
tiverem associada a componente inovação.
Comida étnica com potencial
Além destes conceitos, aponta também a restauração
(comida étnica). Eduardo Miranda considera que, "se o
conceito for bom e inovador, qualquer sector pode vingar, mesmo num
mercado concorrencial".
Já para João Papa, "a tendência actual de
maior desenvolvimento do 'franchising' é no sector dos serviços".
Mas, à lista de Eduardo Miranda, acrescenta que "o turismo
e a ocupação de tempos livres poderão ainda dar
lugar a algumas surpresas agradáveis neste campo".
E, apesar das diversas oportunidades que surgem do exterior (ver caixa
"Oportunidades à espreita"), o responsável
da APF adianta que "existe uma tendência geral para que certas
actividades que eram seguidas pelo modelo de negócio 'tradicional'
passem a ser desenvolvidas segundo o modelo de 'franchising'".
Uma ideia corroborada por Eduardo Miranda, para quem há pequenos
serviços que o "franchising" poderá ajudar a
profissionalizar.
Contudo, o responsável alerta: "Há que ter em
conta que o mercado nacional é pequeno e que o 'franchising'
só faz sentido com potencialidades de expansão. Se a oportunidade
não possibilitar uma expansão de pelo menos 20 a 30 unidades,
não valerá a pena investir no 'franchising' como 'master'".
Ainda no domínio dos conselhos, João Papa refere que "o
'franchising' é um modelo de negócio que implica uma parceria
muito estreita e de grande confiança mútua. É essencial
que o interessado neste tipo de negócio tenha um bom nível
de informação sobre quais as condições mínimas
que um franchisador deve possuir, para que lhe possa prestar o suporte
necessário para o seguimento do negócio".
Neste, como em qualquer negócio, a ideia é vencer e ser
bem sucedido num mercado que é cada vez mais competitivo. Mas,
mais do que um bom negócio, é importante ter um conceito
bem elaborado, traçado para ter sucesso.
Oportunidades à espreita
SE É dos que pensa que pouco mais há para trazer para
Portugal em matéria de conceitos franchising, desengane-se!
Aqui, damos-lhe a conhecer marcas de sucesso internacional em busca
de um parceiro para conquistar o mercado português.
. Domti: Lojas de preço único, especializadas em artigos
para o lar.
. Dandara: Moda feminina e acessórios
. Fastway Couriers: Franchising neozelandês de correio expresso
. Coldwell Banker: Rede imobiliária de origem norte americana
. Aromas de Dakar: Lojas especializadas na degustação
de cafés, chás e complementos
. Arts Dental: Clínicas de odontologia e estética dental.
A marca pertence à Syco Dental e está sediada em Madrid
. Asi: Marca madrilena especializada em prendas, bonecas, brinquedos
tradicionais e pedagógicos.
. Smokend: Centros de desabituação do tabaco onde também
é possível fazer tratamentos contra a obesidade e stresse
FONTE: Instituto de Informação em Franchising
Dicas para uma boa escolha
IMPORTAR um conceito de franchising exige não só encontrar
a oportunidade certa, mas também o cumprimento de algumas regras.
Delas depende o sucesso do seu projecto e a minimização
do factor risco, eterno inimigo do espírito de iniciativa. Tome
nota:
1-Procure a oportunidade nos locais ideais. Feiras, guias de
franchising, revistas especializadas e internet são pontos de
paragem obrigatória
2-Seja cuidadoso na primeira selecção. Importa
avaliar o histórico da empresa para compreender a fundo o conceito
da marca e os valores dos dirigentes máximos da empresa.
Além deste factor, há que verificar a experiência
internacional da marca, já que a empresa pode ser boa e eficiente
mas não se dar bem com um modelo de franchising para a expansão
dos seus negócios.
3-Avalie as potencialidades de aceitação do conceito
no mercado nacional. Deverá ter em conta que determinado conceito
pode ter sucesso lá fora e não se adequar à realidade
portuguesa.
Para minimizar os riscos faça um estudo prévio do mercado
onde quer investir que inclua: a dimensão; adaptação
do conceito; análise da concorrência; obstáculos
operacionais e legais e também o potencial de expansão
da rede.
4-Se chegar à fase de negociação, informe-se
sobre os vários tipos de acordos internacionais de franchising
possíveis (www.infofranchising.pt) e escolha o mais adequado
à sua situação.
Nesta fase poderá contactar um advogado especializado na matéria
para assegurar que todo o processo até à assinatura do
contrato decorra nos trâmites legais.
À conquista de Espanha
A 14ª edição do SIF&Co - Salón Internacional
de la Franquícia, las Oportunidades de Negócio y el Comércio
Asociado, que arranca a 22 de Outubro em Valência (Espanha), introduz
uma mudança de peso para as marcas portuguesas de franchising
que aspiram à internacionalização tendo o país
vizinho como porta de entrada.
Pela primeira vez, Portugal estará representado no evento com
uma comitiva de 10 empresas. Uma presença promovida pelo Instituto
de Informação e Franchising (IIF) e que conta com o apoio
do ICEP.
As empresas têm quatro dias para mostrar as suas potencialidades
e para se apresentarem naquela que é para Eduardo Miranda, presidente
do IIF, "a maior feira mundial dedicada ao franchising".
O intuito é promover e difundir as marcas "made in"
Portugal. Das dez marcas presentes no SIF&Co, seis são conceitos
originais de Portugal e os restantes internacionais cuja estratégia
de expansão no mercado espanhol é liderada por empresários
lusos.
Para Inmaculada Sataines, directora do SIF&Co "dada proximidade
entre os mercados espanhol e português, o nosso país apresenta-se
como uma óptima oportunidade de crescimento para as marcas portuguesas".
Uma conjuntura a que Eduardo Miranda não é alheio. "O
principal objectivo desta missão é desenvolver uma participação
coordenada das empresas portuguesas, permitindo uma melhor preparação
na abordagem ao mercado espanhol", frisa.
Casa Alvarinho, Lune Bleu, Biju, Companhia da Água, Jet Bronze,
Grupo Onebiz e Empório Júnior são algumas das marcas
que integram a primeira presença portuguesa neste certame.