Cátia Mateus
DISTINGUIR o real do imaginário nem sempre é tarefa fácil.
A evolução dos meios tecnológicos permitiu, nos últimos
anos, avanços significativos na chamada realidade virtual. Hoje
o grande desafio é conseguir os melhores efeitos visuais e recriar
na perfeição aquilo que a criatividade humana consegue projectar.
A Klipze é uma empresa criada para ajudar a estreitar a linha que
separa o real do imaginário. A mente de três jovens empreendedores,
de áreas de formação diferenciadas, criou esta empresa
de pós-produção que já se tornou conhecida
no mercado nacional da animação 3D.
Uma licenciada em cinema, um «designer» de comunicação
e um engenheiro electrotécnico e de computadores, com especialização
em robótica, são os mentores deste projecto empresarial
criado em 2002. A jovem equipa composta por Luísa Costa Gomes,
Jaime Cipriano e Miguel Garção dá razão
a quem defende que a complementaridade é um trunfo a explorar.
Segundo Luísa Costa Gomes, uma das sócias da empresa,
«o desenvolvimento, criação e animação
por computador tornam possível a disponibilidade de cenas ou
elementos que seriam muito dispendiosas ou difíceis de filmar
pelos meios tradicionais e a Klipze foi criada para intervir nesta área».
Nem todos estão familiarizados com a tecnologia de animação
3D, mas já quase toda a gente a presenciou. Actualmente a maior
parte dos filmes e «spots» publicitários inclui efeitos
visuais e o único limite às possibilidades criativas está
na mente dos seus criadores. «Tudo é possível
neste mundo e todos os meses as indústrias do cinema e dos jogos
mostram até que ponto os limites podem ser ultrapassados»,
explicam os empreendedores.
Foi para aproveitar este nicho de mercado que criaram a Klipze. Os três
fundadores da empresa tinham já experiência em projectos
de visualização para arquitectura, espectáculos
interactivos com animação em tempo real, animação
e efeitos visuais 3D para âmbitos institucionais (tais como «spots»
publicitários) e decidiram canalizar essa experiência para
a criação do seu próprio negócio. A criação
da empresa surgiu como resposta a um desafio lançado pelo grupo
NovaImagem, que integra a CEE (empresa líder nacional no mercado
da pós-produção), para que criassem uma pequena
empresa de pós-produção especializada em animação
3D que complementaria a oferta da CEE.
Esta parceria inicial permitiu minimizar o risco inerente à fase
de arranque da empresa, mas ainda assim os empresários confessam
ter sentido algumas dificuldades, nomeadamente no que diz respeito a
atrasos nos pagamentos por parte dos clientes. O investimento inicial
de 25 mil euros, proveniente de capitais próprios e aplicado
em equipamentos, já foi totalmente recuperado mas «a
estratégia de gestão da empresa passa por reinvestir parte
dos lucros em equipamentos e na formação para acompanhar
sempre a inovação tecnológica», explica
Miguel Garção.
Entre os principais clientes da empresa figuram as produtoras e agências
de publicidade. A Klipze emprega actualmente quatro pessoas e conta
com vários colaboradores em regime de «free-lancer».
O seu trabalho já foi alvo de reconhecimento em Portugal e no
estrangeiro onde angariou alguns prémios em concursos de publicidade.
Por esta razão, a internacionalização não
está fora de causa nas metas da empresa. A Klipze está
já a dar os primeiros passos no mercado angolano e espera pisar
outros territórios a médio prazo.
Para já, a equipa anunciou que a expansão não passa
pela diversificação da actividade para outras áreas,
isto para «evitar a dispersão e porque ainda há
muito a fazer nesta área». As prioridades da empresa
passam por melhorar a qualidade, a rapidez e o preço do trabalho
de pós-produção.
BI Empresarial
Nome: KLIPZE
Ano de criação: 2002
Sede: Lisboa
Responsáveis: Luísa Costa Gomes, Jaime Cipriano
e Miguel Garção
Formação: Cinema; Design de Comunicação
e Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Área de actuação: Pós-produção
especializada na área da animação 3D e efeitos
visuais digitais
Investimento inicial: 25 mil euros
Postos de trabalho criados: Quatro, a título permanente
Objectivos: Internacionalização que já se
iniciou no mercado angolano
Conselhos: «Apostar na qualidade, gostar do que se faz,
ter paciência e persistência e criar uma boa rede de contactos»
Sítio: www.klipze.com