João Barreiros
LONGE vão os tempos em que a carência de técnicos
qualificados em tecnologias de informação se media em milhares
de postos de trabalho por ocupar. Há apenas dois ou três
anos, o número estimado de profissionais em falta rondava os cerca
de vinte mil.
Mas com o desacelerar do crescimento económico, as empresas decidiram
reduzir os custos de investimento neste sector, com sérias consequências
a nível do emprego.
Consciente de que há muitos profissionais qualificados em TI no
desemprego, a Microsoft Portugal decidiu dedicar-lhes alguns cursos de
actualização que, este ano, vão abranger cerca de
90 pessoas. "Não se trata de pessoas saídas das
universidades e à procura do primeiro emprego, mas sim de profissionais
qualificados que por circunstâncias ligadas ao crescimento do mercado
perderam o seu posto de trabalho", explicou ao EXPRESSO o director-geral
da Microsoft Portugal, João Paulo Girbal.
Apesar de estar apostada no desenvolvimento de soluções
que permitam reduzir custos aos seus clientes, a empresa acredita que
nos próximos tempos se assistirá de novo a um aumento da
procura de técnicos qualificados nesta área. Sobretudo a
partir do momento em que a economia internacional perder os receios que
tem manifestado ultimamente, e se dissiparem as dúvidas sobre a
capacidade de as empresas retomarem os seus projectos de expansão.
O período de formação previsto para cada um dos referidos
cursos é de aproximadamente quatro meses, durante os quais é
dada especial ênfase às plataformas e aos produtos desenvolvidos
pela empresa.
Findo esse período, e em caso de aproveitamento, é passado
ao formando um certificado cuja validade se estende para outros países:
"o objectivo é reintroduzir estas pessoas, agora ainda mais
qualificadas, no mercado, de forma a reduzir o défice de profissionais
com competências no âmbito das tecnologias da informação",
adianta ainda o responsável pela Microsoft Portugal.
Disponível noutros países europeus, esta oferta de qualificação
destina-se a preparar os participantes para obterem dois tipos de certificações:
a MCSA-Microsoft Certified Systems Administrator garante a competência
para administrar redes e sistemas de informação baseados
no Microsoft Windows 2000, enquanto a MCAD-Microsoft Certified Application
Developer certifica a competência para o desenvolvimento de aplicações
com o Microsoft Visual Studio.net e o XML Web Services.
Defensor acérrimo da melhoria da qualificação escolar
e profissional dos trabalhadores portugueses, João Paulo Girbal
gostaria de ver este programa alargado a outras empresas: "o nosso
objectivo é formar cerca de trezentas pessoas por ano, em colaboração
com outras empresas nossas parceiras", refere.
O trabalho em parceria poderia facilitar a reintegração
destes trabalhadores e seria útil para solidificar este projecto,
designado por Microsoft European Scholar Program.