Vítor Andrade
CADA vez que ouço falar em excesso de funcionários públicos ocorre-me logo uma imagem que me interpelou durante anos a fio. Sempre que, por obrigações profissionais, tinha que me dirigir a um determinado Ministério, deparava-me com o seguinte cenário: junto à porta principal havia uma pessoa que me pedia a identificação e me dava, em troca, um cartão de visitante.
À sua direita, no «hall» de entrada, havia uma outra que acenava indicando a porta do elevador. Junto ao elevador havia um terceiro funcionário que abria a porta, indicava o andar e até carregava no botão. Chegado ao dito andar, tinha que passar ainda dois funcionários no estreito corredor que dava acesso aos gabinetes.
Um deles ligava para a secretária do governante a dar conta da visita e o outro, basicamente, opinava sobre o clima. A secretária pedia-me para esperar e, só depois, era anunciado pela chefe de gabinete. Uff... Cinco minutos depois alguém servia o café.