Cátia Mateus
A ESCOLA Profissional Bento Jesus Caraça, em Mértola, volta a apostar na formação de jovens técnicos de museografia arqueológica. O curso é único no país e, além de registar uma taxa de empregabilidade na ordem dos 90%, atrai para Mértola — uma região marcada pelo êxodo rural — jovens de todo o continente e ilhas, contribuindo para o dinamismo da região.
O curso Técnico de Museografia Arqueológica tem uma duração de três anos e equivalência ao 12.º ano de escolaridade. O sucesso da iniciativa, a procura que regista em todo o país e a elevada taxa de empregabilidade que proporciona, sustentam a sua continuidade. O curso soma já seis edições e continua a reunir anualmente cerca de 22 novos alunos.
Segundo Isabel Campos, directora pedagógica do pólo de Mértola da Escola Profissional Bento Jesus Caraça, «este curso regista uma procura elevada por se tratar de uma oferta exclusiva a Mértola». O processo de selecção é rigoroso e tem sobretudo em conta a real vocação dos candidatos. Até ao final do mês decorre a fase de apresentação de candidaturas, finda a qual terá lugar a selecção dos candidatos tendo em conta o perfil.
Isabel Campos assegura que «este projecto vem dar resposta a uma necessidade que o país tem em matéria de técnicos intermédios na área da museografia arqueológica». Por outro lado, a presença dos jovens estudantes em Mértola reveste-se de particular importância para uma região com fortes problemas de despovoamento.
Na opinião da directora, «esta presença representa o inverter do êxodo rural e uma esperança para a criação de novos caminhos no interior alentejano contribuindo para o dinamismo económico e cultural do concelho».
O Campo Arqueológico de Mértola (CAM) e a autarquia são parceiros da escola neste curso. O CAM, além de grande impulsionador do curso, possibilita uma ligação com o mundo do trabalho e, segundo Isabel Campos, «oferece sabores de referência importantíssimos já que a maior parte dos técnicos são professores do campo».
Mértola é conhecida como «vila museu», tem nove núcleos museológicos e um campo arqueológico. Estruturas que, para a responsável da escola, «criam condições especiais necessárias para uma formação prática e tecnológica única, além de permitir uma formação integral em forte articulação com a comunidade envolvente».
Entre as temáticas abordadas no curso destacam-se: escavação, tratamento dos materiais, desenho de campo, fotografia, restauro e ensaios para museografia.