Paula Santos
      O MERCADO Social do Emprego (MSE) em Portugal gastou 
        mais de 660 milhões de euros em menos de uma década em programas 
        bem intencionados mas pouco eficazes para os principais destinatários: 
        os desempregados em situações graves de carência económica 
        e social.
        
        Criado em 1996, o MSE passou a integrar as chamadas políticas sociais 
        activas para combater os problemas de pobreza grave e de exclusão 
        social de certos grupos como os ex-toxicodependentes, ex-reclusos, deficientes 
        e emigrantes. Mas as instituições sem fins lucrativos e 
        as empresas privadas que beneficiaram destas verbas, bem como de mão-de-obra 
        barata acabaram por desvirtuar os principais objectivos dos programas 
        do MSE ao relançarem no desemprego, assim que terminavam os apoios 
        financeiros, a esmagadora maioria do meio milhão de trabalhadores 
        que ao longo dos últimos dez anos se inscreveram nestas iniciativas.
        
        «Com frequência, algumas destas medidas parecem ter servido 
        mais para resolver problemas das instituições - ultrapassar 
        congelamentos de contratações, reduzir custos, criar valências 
        com apoios impossíveis de obter noutros contextos - do que propriamente 
        dos beneficiários», revela o estudo «Mercado Social 
        do Emprego - Análise de alguns pontos críticos», divulgado 
        esta semana na Fundação Aga Khan.
        
        «O MSE é uma ideia interessante, mas precisa ser corrigida, 
        reformulada e complementada. Não basta ser apenas fiscalizada, 
        mas necessita de uma monitorização técnica», 
        sublinhou o economista Roque Amaro, coordenador do estudo elaborado pela 
        Unidade de Investigação ao Desenvolvimento Local, do Instituto 
        Superior das Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE).