Podia ser apenas uma livraria, mas não é. Podia ser mais um café lisboeta ou uma das tantas lojas que a capital tem, mas não. A Palavra de Viajante é tudo isto e mais que isto. É um espaço do Mundo, pensado para os que um dia se apaixonaram por um país, um povo, uma cultura através das páginas de um livro. Pensado para os que já percorreram o mundo e querem continuar a desvendá-lo em viagens, mas também para todos aqueles que sem nunca terem saído de Portugal, conhecem pelas páginas de um livro todos os continentes que outros já exploraram.
A paixão pelas viagens levou Ana Coelho e Dulce Gomes a fintar as adversidades da crise e investir na realização de um sonho. Ana é formada em Gestão e Produção Cultural e em comum com a professora de matemática e estatística Dulce Gomes, tem a vontade de correr o mundo. Foi em nome dela que deixaram os receios de lado e criaram em fevereiro a empresa Palavra de Viajante Lda - Livraria e Acessórios de Viagem. A loja física só viria a abrir mais tarde, em outubro do ano passado, na porta número 30 da mítica Rua de São Bento, em Lisboa. O espaço é discreto, mas o ideal para todos os viajantes.
A loja e os armários que um dia acolheram guarda-chuvas, acolhem hoje livros. Nas estantes, as obras estão organizadas por continentes e depois por países e o espaço é polivalente já que integra duas outras áreas distintas: uma cafetaria - o Café do Viajante - e uma zona dedicada aos leitores mais jovens. Para as empreendedoras, a cozinha tem o mesmo poder que os livros e através da sua palete de sabores permitem viajar pelo mundo inteiro. É, de resto esta, a proposta permanente do Café do Viajante que oferece aos visitantes roteiros temáticos de sabores que convidam à descoberta das cozinhas mais internacionais, prometendo a quem prova “o mundo na ponta da língua”, através de um bom vinho, um queijo tradicional ou uma iguaria sem igual.
E este novo espaço lisboeta parece já se ter assumido como uma aposta ganha. Aqui não se fala só de livros. Respiram-se culturas, emoções, cheiros, experiências e informações sobre as melhores rotas para descobrir o mundo. No seu projeto as empreendedoras pensaram um espaço que vendesse livros, mas não apenas livros. Aqui, além de muitas páginas para explorar e descobrir, há guias de viagem, moleskines para registar cada passo das novas descobertas, álbuns, histórias, narrativas e relatos de ficção e um número infindável de acessórios tão úteis a quem já nasceu com o pé no mundo, tal como Ana Coelho e Dulce Gomes.
Foi aliás uma viagem que inspirou as empreendedoras a mudar de vida e lançar este projeto. No último verão, as empreendedoras partilharam 40 dias de intensa viagem entre a Floresta Negra e a Roménia, tendo como companhia o “Danúbio”, de Cláudio Magris. A inspiração da obra foi tal que durante todo o percurso o tema de conversa era o projeto Palavra de Viajante e os passos essenciais para o concretizar. Regressaram a Portugal com a certeza de que a crise não pode limitar a iniciativa e a convicção de todo o potencial do seu projeto. “Se ninguém fizer nada, ai é que não saímos da crise. É claro que é necessária alguma dose de coragem, mas criar uma empresa neste momento não é necessariamente não ser prudente”, explicam.
Com uma contenção máxima no investimento inicial necessário, muita prudência e vontade de fazer diferente e bem, as empreendedoras deram forma ao seu projeto e abriram as portas em pleno contexto de adversidade económica. O investimento só será recuperado dentro de sete nos, mas não há pressas. A diversificação da atividade para outras áreas não está posta de parte, mas para já “há que consolidar e melhorar o que está feito”.
BI EMPRESARIAL
Promotores:
Ana Coelho, 45 anos
Dulce Gomes, 42 anos
Formação:
Ana Coelho é formada em Gestão e Produção Cultural e Dulce Gomes em Matemática e Estatística, integrando no currículo uma carreira docente na Universidade de Évora.
Área de atividade:
A Palavra de Viajante, posciona-se no mercado como uma livraria especializada em viagens.
Data de criação:
Outubro de 2011 foi quando a Palavra de Viajante abriu formalmente as portas ao público, mas o projeto já tinha nascido há muito na mente das empreendedoras e até a empresa foi registada em fevereiro.
Investimento inicial:
A equipa aplicou na criação da empresa cerca de 120 mil euros que só deverão ser recuperados em sete anos.
Público-alvo:
O público em geral, com uma maior incidência em todos aqueles que gostam de aliar o prazer da leitura à descoberta do mundo e das viagens.
Empregos criados:
Dois. Neste projeto trabalham em permanência uma das sócias e uma colaboradora.
Estratégias de gestão:
Rigor financeiro e atenção ao cliente são os dois grandes principios de gestão de que a equipa da Palavra de Viajante não abre mão no quotidioano da empresa. Mas Ana Coelho e Dulce Gomes valorizam igualmente a qualidade do serviço e uma capacidade de inovação permanente.
Sítio online:
www.palavra-de-viajante.pt