Nos últimos anos, o cenário do Trabalho Temporário (TT) mudou. Não só aumentou o recurso das empresas a esta forma contratual, essencialmente para fazer face a necessidades de reforço de mão-de-obra pontual por parte das empresas, como também mudaram as competências exigidas aos profissionais temporários e até a duração das suas missões. No último ano, 60,6% dos profissionais contratados em Portugal em regime de trabalho temporário eram licenciados e 18% possuíam mesmo qualificações ao nível de mestrado, segundo dados de um inquérito global conduzido pela empresa especializada no recrutamento de quadros intermédios e funções técnicas de suporte, Page Personnel. Sílvia Nunes, executive manager da empresa, revela que os sectores da indústria e serviços lideram estas contratações, mas há cada vez mais procura de profissionais para sectores como o financeiro, saúde ou tecnologias de informação que, juntos, já representam 32% das contratações nacionais.
Segundo a Confederação Internacional de Trabalho Temporário (CIETT), 10,4 milhões de empresas europeias recorreram a Empresas de Trabalho Temporário (ETT) durante o último ano. Silvia Nunes revela uma evolução positiva do TT em 2013 e confirma que “nos primeiros meses deste ano a tendência já voltou a confirmar-se”. Segundo a executive manager da Page Personnel em Portugal, “as principais razões para os empregadores portugueses recorrerem ao trabalho temporário estão relacionadas com a flexibilidade e com a capacidade de resposta para necessidades de curto termo”. 60,5% das empresas apontam o aumento inesperado da atividade como motivação para recrutar trabalhadores temporários. Ainda assim, a duração das “missões” temporárias tem vindo a aumentar para os profissionais portugueses. Segundo o estudo esta semana divulgado, 61,5% dos projetos temporários em Portugal duram entre quatro a 12 meses.
Maioritariamente mulheres (54,9%), os temporários portugueses são sobretudo procurados para funções de gestão e supervisão, que absorvem 25,4% das contratações, funções administrativas, que representam 24,4% das contratações e funções técnicas, representando 23,7%. Em Portugal, explica Sílvia Nunes, “as funções mais procuradas estão relacionadas com finanças e contabilidade (27,7%), vendas (19,4%) e secretariado (13,8%)”. A especialista enfatiza que “para os profissionais, a contratação temporária representa uma oportunidade de reinserção laboral, ao permitir a continuidade da experiência profissional e a expansão da rede de contactos”.
Comparativamente a outros países da Europa e aos Estados Unidos, Portugal supera os Estados Unidos na contratação de profissionais temporários com qualificações ao nível da licenciatura. Nos EUA, 46,4% dos temporários são licenciados e 30,7% possuem mestrado. Espanha regista valores semelhantes: 45,8% licenciados e 30,2% mestres. Em França, 63,6% dos trabalhadores recrutados para funções temporárias são mestres. O estudo da Page Personnel está sustentado em 13298 respostas, reunidas junto de empregadores e profissionais de 16 países da Europa e nos Estados Unidos. Em Portugal foram inquiridos 791 empregadores e profissionais, no último ano.