Cátia Mateus
QUATRO engenheiros, 21 mil euros de investimento, muitas
ideias e vontade de as colocar em prática. Eis a receita de sucesso
para um negócio bem cozinhado. Criada em 2001, por quatro empreendedores
- Pedro Santos, Pedro Falcato, Rui Almeida e Luís Mira da Silva
- a Consulai é uma empresa de consultoria agro-alimentar que se
dedica à criação de tecnologias inovadoras aplicadas
à conservação de alimentos. Tudo começou com
a tentativa de conservar uma simples salada de fruta, através da
aplicação de revestimento comestível.
Um trabalho académico decorrente do curso de engenharia agronómica
denunciou a oportunidade de negócio, mas foi só o espírito
de iniciativa e a vontade de derrubar barreiras que tornou possível
a criação da empresa.
Organizada em duas grandes áreas - inovação e consultoria
- a Consulai é o exemplo perfeito de uma empresa que nasce nos
bancos da universidade.
"Em 1999 decidimos testar a viabilidade de uma ideia de negócio
que nos tinha surgido como sequência de um trabalho de fim de
curso. Candidatámos a nossa ideia de criar um revestimento comestível
que ajudaria a conservar a fruta descascada, ao programa de Incentivo
à Criação de Pequenas e Médias Empresas
de base tecnológica (ICPME), que comprovou a inovação
e aplicabilidade do produto", explica o empresário Pedro
Santos.
A partir daqui, o projecto Consulai ganhou vida. Somaram-se vitórias
mas também dificuldades, "a primeira das quais na industrialização
do produto".
Apesar deste entrave, os jovens engenheiros avançaram para a
concretização da empresa alargando a actividade ao sector
dos serviços mas nunca abandonando as bandeiras da inovação
e diferenciação. Uma estratégia que acabou por
se revelar certeira.
A arte de bem conservar
Entre os seus vários clientes a Consulai destaca a indústria
do sector agro-alimentar.
Além de desenvolver tecnologias de conservação
de alimentos e "softwares" e sistemas de informação
aplicáveis ao rastreio alimentar, a Consulai opera ao nível
da consultoria prestando apoio técnico na implementação
de sistemas de qualidade, projectos de investimento e "marketing"
alimentar.
Na criação da empresa, os quatro engenheiros investiram
21 mil euros. Um investimento que já foi recuperado e que o ICPME
financiou a 75 %.
Actualmente, a Consulai "marca pontos na área dos serviços
e da gestão da qualidade". A batalha quotidiana da empresa
é afirmar-se na área da I&D. Para isso, já
estabeleceu uma parceria com uma empresa inglesa, com o objectivo de
desenvolver um núcleo de investigação e desenvolvimento
dentro da Consulai.
Pedro Santos avança que a expansão da empresa para outras
áreas não está posta de lado até porque
a Consulai entrou recentemente no domínio do rastreio alimentar.
Ainda assim, o empreendedor salienta que "para já estamos
concentrados na área alimentar o que representa uma vasta diversidade
de sub-áreas".
Em termos de internacionalização a rota da empresa poderá
passar pelo Brasil. Os empreendedores perspectivam o estabelecimento
de algumas parcerias que ajudarão a Consulai a atravessar o Atlântico.
Apaixonados pela vida empresarial, Pedro Santos, Pedro Falcato, Rui
Almeida e Luís Mira Silva acreditam que mais do que gerir um
negócio, o empresário tem o privilégio de poder
ser útil à sociedade através do seu projecto.
"Obviamente temos mais stresse, mais riscos, muitas dificuldades
no arranque do negócio, mas o prazer de ver crescer dia-a-dia
algo que é nosso é enorme", confessa.
Talvez por isso, acreditem que "depois de elencar todos os cenários
- objectivos da empresa, viabilidade do projecto, possíveis lacunas,
dificuldades e concorrência - o empreendedor não deve deter-se
e deve avançar com o seu projecto, decidido a vencer barreiras".