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Franchising made in Portugal

Em 2008, o franchising gerou em Portugal cerca de 2041 novos postos de trabalho. Estima-se que neste momento, o sector dê emprego a qualquer coisa como 69 mil funcionários e embora sejam de prever algumas quebras, fruto da crise, este cenário não deverá sofrer grandes alterações
16.04.2009


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Cátia Mateus
Gerou, em 2008, uma facturação de cinco milhões de euros. O franchising representa cerca de 3,1% da riqueza produzida em Portugal e ao contrário do que acontecia há alguns anos, hoje a maioria das marcas a actuar no mercado já não é estrangeira. É a nova era do franchising, nascido e expandido em território nacional, que apesar da crise continua a evidenciar forte potencial, sobretudo no que toca à internacionalização. De acordo com os dados do 14º Censo do Franchising, elaborado pelo Instituto de Informação em Franchising (IIF), em 2008 entraram no mercado português 96 marcas. O universo do franchising em Portugal passou então a contabilizar 521 redes, com 11305 lojas, mais 2,7% do que em 2007.


Para Eduardo Miranda, fundador do IIF e consultor especializado em estratégia na área do franchising, o ano de 2007 foi um ano sui generis neste segmento. “Tivemos quase dois anos em um, isto porque houve uma clara diferença de comportamento das cadeias de lojas entre o primeiro semestre e o segundo, quando a crise já tinha um impacto notório”, explica o especialista.

Na verdade, o último ano ficou também marcado por 76 desistências de marcas que optaram por retirar-se do mercado. Dessas, 24% foram projectos que efectivamente fracassaram. “Nos últimos meses de 2008, muita coisa ficou congelada e apenas 14% dos franchisados tiveram saldo de crescimento (diferença entre aberturas e encerramentos) superior a cinco lojas”, confessa Eduardo Miranda.

Contudo, apesar disso, no ano passado o franchising nacional registou a abertura de 700 novas lojas e do total das novas marcas, 70% eram nacionais, sobretudo no domínio da prestação de serviços.

“Em termos globais, o franchising assegurou a criação de 2041 novos postos de trabalho, mais 3,1% do que em 2007, empregando quase 69 mil funcionários”, reforça o líder do IIF. Em matéria de sectores, os serviços aumentaram o seu peso no total das unidades e já representam 48,6% das marcas a operar em território nacional. São portuguesas 53% das marcas.

A VivaFit é, de resto, apontada como um exemplo de sucesso sendo referida como a marca de franchising que mais cresceu em 2008, com a abertura de 26 novos ginásios, totalizando no final do ano 96 unidades, duas delas em Madrid e Badajoz. Uma estratégia que quer manter.

Contudo, Eduardo Miranda reconhece que as cadeias a operar em franchising poderão vir a registar em 2009 algum aumento no número de encerramentos, devido à crise. “É previsível que em 2009 se agrave o número de encerramentos de lojas já que a crise prolongada torna insustentáveis os problemas de caixa dos franchisados que já vinham em situação de fragilidade de anos anteriores”.

Para o especialista “o efeito da crise e da restrição de crédito poderá ter um duro efeito em muitos projectos”. Mas, reconhece, “há um efeito contrário a este que é o reforço da posição dominante das grandes marcas que, por terem massa crítica e recursos, conseguem reforçar ainda mais a sua posição de liderança no mercado”.

À conquista do mundo

Uma das características do franchising é o seu potencial de replicação e internacionalização. E, na verdade, são cada vez mais as marcas portuguesas que se aventuram além-fronteiras. De acordo com os dados do IIF, cerca de 62% das marcas lusas estão a apostar na internacionalização e 22% já têm, inclusive, presença em mais de 30 países. E os números não se ficam por aqui. Durante a apresentação do 14º Censo do Franchising, Eduardo Miranda adiantou que “existem actualmente 78 planos de internacionalização de marcas portuguesas em desenvolvimento”.

Segundo o fundador do IIF e consultor estratégico na área do franchising, “os países do centro da Europa e Angola figuram entre os mercados preferenciais dos empresários portugueses”. Eduardo Miranda reconhece que a actual conjuntura económica poderá abrandar um pouco esta tendência já que as marcas tendem a reforçar a atenção ao seu mercado principal, mas afiança que há excepções. “Há muitas marcas que já se assumem como internacionais e a sua facturação fora de Portugal tem um peso muito significativo. Para essas a expansão internacional mantém-se”, argumenta.

Notória é mesmo a alteração dos mercados alvo da investida externa. Até aqui o Brasil e Espanha eram extensões naturais para os empresários portugueses que agora diversificaram a sua internacionalização para outros destinos, como Angola.





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