Maribela Freitas
Formação prática, em tempo real, aliada à teoria tem sido uma aposta ganha por parte da qualificação profissional ministrada pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA) nos últimos 25 anos. Com grande formação técnica, aprendida no dia-a-dia das empresas, mais de 90% dos alunos que saem dos cursos ministrados por esta entidade encontram emprego em empresas nacionais e alemãs.
Dual é o nome da marca/escola e do sistema de formação ministrado pela CCILA. O conceito é simples. Os alunos entram para os cursos da escola e toda a sua preparação académica é feita em duas vertentes: aulas e prática em ambiente de trabalho. “Trabalhamos com cerca de 300 empresas e, por ano, temos cerca de 600 alunos”, explica Bernadette Dambacher, directora da Dual.
A escola ministra cursos de hotelaria, gestão administrativa, electrónica de manutenção, entre outras, dando equivalência ao 12.º ano de escolaridade. Concebe ainda formação específica para empresas, ao nível das suas necessidades, e criou recentemente um centro de novas oportunidades.
Por ano, em média, lança 240 pessoas no mercado de trabalho e algumas delas acabam por ser absorvidas pelas empresas onde realizaram a parte prática dos seus cursos. Um dos cursos com mais procura é, segundo Bernadette Dambacher, o de técnico de gestão administrativa. Para fazer face a uma procura do mercado de trabalho, a Dual quer avançar em breve com formação na área das energias renováveis.
De acordo com Volker Mueller, vice-presidente da Siemens em Portugal, “receber estes alunos nas empresas reduz o risco inerente a qualquer contratação, pois com o sistema Dual podemos conhecer o candidato e inserir desde logo os jovens na nossa lógica empresarial”. Aqui e durante os estágios, os estudantes passam por todos os sectores, para “aprenderem como funciona a empresa por dentro”, acrescenta Volker Mueller. Nos últimos anos a Siemens absorveu mais de duas centenas de formandos Dual. Entusiasta do modelo alemão que alia a prática à teoria, a grande vantagem desta formação é a componente técnica que encerra. “A indústria precisa de mais técnicos”, salienta Volker Mueller.
Em tempo de crise e tendo em conta que as empresas tendem a reduzir custos, o vice-presidente da Siemens aconselha os empresários a encarar a formação não como um custo mas sim como um investimento. E foi por acreditar no valor da formação para o sucesso empresarial que a Siemens está ligada há vinte cinco anos ao sistema de formação da CCILA.
A Bosch é outra das empresas que tem apoiado o sistema Dual desde a sua implantação em Portugal. “A prática aliada à teoria é o segredo da Dual. As empresas têm de assegurar que os seus recursos humanos são competentes, para evitar riscos, e a formação adaptada às necessidades é o ideal”, comenta João Paulo Oliveira, da Bosch.
Em jeito de balanço destes 25 anos de qualificação profissional, Patrick Schwarz, presidente do conselho directivo da CCILA, conta que a ideia de transpor este modelo para Portugal nasceu da necessidade sentida pelas empresas de terem quadros técnicos. Começou inicialmente com um núcleo de empresas alemãs — as já citadas Siemens e Bosch —, mas actualmente mais de 80% das empresas com que lidam são portuguesas. “O nosso objectivo é contribuir para a qualificação dos recursos humanos em Portugal, em colaboração com as empresas, para aumentar a competitividade do país"”, finaliza Patrick Schwarz.